O que se sabe sobre caso de jovem indígena morta e carbonizada no Tocantins


Por: Marcela Leiros

10 de setembro de 2025
O que se sabe sobre caso de jovem indígena morta e carbonizada no Tocantins
O corpo de Harenaki Javaé, 18 anos, foi encontrado no domingo, 7 (Reprodução/Redes sociais)

MANAUS (AM) – O assassinato brutal da jovem indígena Harenaki Javaé, 18 anos, tem gerado comoção e revolta no Tocantins. O corpo da vítima, que tinha deficiência intelectual e estava grávida, foi encontrado no domingo, 7, com marcas de violência e parcialmente carbonizado, em uma área rural a cerca de 60 km de Formoso do Araguaia, na Região Sudoeste do Estado.

Harenaki era moradora da Aldeia São João, localizada dentro da Ilha do Bananal, maior ilha fluvial do mundo e território indígena tradicional. De acordo com a Polícia Militar, o corpo foi localizado após uma enfermeira da região acionar as autoridades, informando sobre a presença de um cadáver nas proximidades da Aldeia Canuanã, onde acontecia um festejo indígena.

Ao chegar no local, os policiais confirmaram a morte e identificaram a vítima como sendo a jovem indígena. O Instituto Médico Legal (IML) do município de Gurupi foi acionado para recolher o corpo. Ainda não há confirmação oficial sobre a motivação do crime, mas a principal linha de investigação trata o caso como feminicídio.

Na segunda-feira, 8, um suspeito chegou a ser detido, mas foi liberado por falta de provas. A Secretaria de Segurança Pública do Tocantins afirmou que o caso segue em sigilo, e que não divulgará detalhes enquanto as investigações estiverem em andamento. A Polícia Civil informou que as investigações estão sob responsabilidade da 84ª Delegacia de Formoso do Araguaia, com apoio da 7ª Delegacia Regional de Gurupi.

Manifestações

A morte de Harenaki gerou fortes manifestações de pesar e repúdio por parte de lideranças indígenas e instituições públicas. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) se pronunciou oficialmente, repudiando o crime e reforçando seu compromisso com os direitos das mulheres indígenas.

A autarquia indigenista recebeu com indignação a notícia do caso que vem sendo tratado como feminicídio e reitera que nenhuma forma de violência é aceitável, principalmente a violência de gênero“, diz trecho da nota

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, publicou uma manifestação nas redes sociais. “Lamento profundamente o homicídio da jovem indígena Harenaki Javaé e me solidarizo com seus familiares e amigos. Harenaki Javaé foi vítima de uma violência de gênero inaceitável que precisa ser combatida. No Ministério dos Povos Indígenas, exigimos a imediata investigação do caso”, afirmou.

Juntas, a União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), a Coordenação Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Associação Indígenas do Vale do Araguaia (Asiva) manifestaram profunda dor, indignação e solidariedade diante do brutal assassinato da jovem indígena.

Denunciamos que a violência contra mulheres indígenas tem se agravado, atingindo nossos corpos, nossas vidas e nossas comunidades. São múltiplas formas de agressão, seja física, sexual, psicológica e institucional que refletem o racismo estrutural e a ausência de políticas públicas efetivas de proteção, justiça e acolhimento às mulheres indígenas“, declararam, por meio do Instagram.

A Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit) e o Instituto de Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (Icapib) divulgaram notas exigindo investigação rigorosa e responsabilização dos culpados.

A Arpit se manifestou por meio da rede social Instagram, destacando que o crime mostra a realidade da violência que ameaça a vida de mulheres e jovens indígenas em suas comunidades. “O feminicídio que vitimou Harenaki não é um caso isolado: reflete a dura realidade da violência que atinge as mulheres indígenas em seus territórios, colocando em risco suas vidas, sua dignidade e seus direitos. É inaceitável que nossas meninas e mulheres sigam sendo violentadas, assassinadas e silenciadas“, pontuou.

É inaceitável que semanas após a histórica Marcha das Mulheres Indígenas, quando nossas mulheres foram a Brasília lutar por seus direitos, sejamos obrigados a enfrentar mais um episódio de feminicídio contra uma indígena. Isso demonstra a dura realidade da violência que insiste em atingir nossas meninas e mulheres, silenciando-as e ferindo a dignidade de todo o nosso povo“, declarou o Icapib.

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