Obras do escritor que imortalizou ‘Big Brother’ na literatura mundial ganham relançamento no Brasil

A obra Orwell é universal, contemporânea e parece que foi escrita há poucos dias (Reprodução/Divulgação)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – As obras do escritor inglês George Orwell, autor dos clássicos “A Revolução dos Bichos”, “1984” e “Um Pouco de Ar, Por Favor!”, ganharam relançamento da literatura no Brasil na última semana. A iniciativa é da editora Nova Fronteira e as obras vêm no formato premium com capa dura, vendidas de forma online, separadamente ou em um box no site da Amazon.

Nascido em Motihari, na índia colonizada pelos ingleses em 1903, Eric Arthur Blairb – o verdadeiro nome de Orwell – foi escritor e jornalista. Serviu ao exército inglês por cinco anos e, ao sair, passou a perambular pelas ruas de Paris e Londres. Sua primeira obra foi “Sem Eira Nem Beira em Paris e Londres”, de 1933.

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De militância socialista, Arthur adotou o pseudônimo George Orwell e passou a escrever em periódicos de esquerda. Sua visão de mundo ganhou contornos críticos a partir da vivência como soldado em uma colônia inglesa e mais ainda quando percebeu o totalitarismo do antigo regime soviético. Foi em 1945, ano final da segunda grande guerra, que Orwell lançou sua mais festejada obra: “A Revolução dos Bichos”.

Gabinete do ódio

Para a jornalista e escritora Alessandra Leite, a obra de Orwell nunca esteve tão real. “1984, sem dúvida, é a obra que parece ter saltado do livro direto para essas páginas tão infelizes da nossa história, onde todos nós – em maior ou menor escala – formamos o arquétipo de Winston Smith, angustiados diante do “grande irmão” que nos controla e tudo vê (ou inventa) lá do seu gabinete do ódio, com sua pena banhada a sangue”, observou.

“Vivemos um Brasil pós-distópico, eu diria, onde tudo o que supúnhamos de pior se supera a cada dia. Estamos a caminho de 4 mil mortes diárias pela Covid- 19, um número tão absurdo quanto inaceitável, para um país cujo sistema de saúde deveria figurar entre os mais abrangentes e eficazes do mundo.

De acordo com Alessandra, a obra de Geroge Orwell é um convite ao pensamento crítico. “Orwell, neste contexto, nos convida a pensar, refletir, querer, sobretudo, mudar todo esse cenário de horror. Teremos a chance em 2022 de iniciar esse processo de desintoxicação. Ajamos enquanto é tempo, pois ter a mente livre ainda não é um crime gravíssimo, embora esteja, a meu ver, bem perto de ser”, lamentou.

Romance genial

Questionada sobre qual a sua obra preferida do universo Orwelliano, a escritora destacou: “A Revolução dos Bichos é genial. A classe operária transformada em uma fábula, evocando a liberdade, a igualdade, dentro de um sistema cooperativo, é minha obra preferida”, considerou Alessandra Leite.  

“Embora tenha sido escrita sob o espectro anticomunista, no contexto da Guerra Fria, é uma obra que perpassou todos esses anos e segue como uma obra-prima sobre a corrupção inerente ao poder, dentro de uma narrativa sobre a insurreição libertária dos animais, sempre nos lembrando que ‘todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros’”, finalizou.

Nasce o ‘Big Brother’

Sucesso popular mundial, a franquia ‘Big Brother’ da holandesa Endemol é um fenômeno televisivo, mas nada disso teria sentido se não fosse a criação de George Orwell. Em seu romance de ficção “1984” de 1949, o “Big Brother” é o estado totalitário que a tudo vê, a tudo controla. Violentamente repressivo, o “Grande Irmão” da ficção de Orwell não permite o sentimento e as emoções. O amor é considerado uma falha, pensar é crime e sexo é subversão.

Na distopia de Orwell, o personagem Winston Smith trabalha para o “Grande Irmão” no Ministério da Verdade. O burocrata esconde um sentimento de ódio pelo Estado totalitário e passa a tramar contra. No enredo existe ainda a heroína Julia, que vive o drama da onipresença do “Big Brother” na vida de todos. Juntos os dois tramam a favor de uma rebelião que possa derrubar o “Grande Irmão”. Clássico necessário para entender a existência de homens como Donald Trump e Jair Bolsonaro.  

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