‘OK’ de assessor de Bolsonaro está em lista de símbolos de ódio nos Estados Unidos
25 de março de 2021
Gesto foi classificado como um sinal utilizado por suprematistas brancos para se identificarem (Reprodução/Internet)
Com informações do G1
SÃO PAULO – Amplamente usado como representação de “OK”, um sinal de mão ganhou nova conotação para grupos extremistas e por isso foi adicionado recentemente a uma lista de símbolos de ódio. O gesto com forma arredondada entre o indicador e o polegar, que também é um emoji popular, foi classificado como “uma verdadeira expressão da supremacia branca” pela Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), organização dos Estados Unidos que monitora crimes de ódio.
No Brasil, gesto semelhante foi usado pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, durante sessão no Senado na quarta-feira, 24, com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O gesto provocou protestos de senadores na sessão.
“Peço, senhor presidente, que conduza esse senhor [Filipe Martins] para fora das dependências do Senado. Esta sessão não tem condições de ter continuidade. Esse senhor, que ofendeu o presidente do Senado, ofendeu este plenário”, afirmou Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Filipe Martins aparece em vídeo fazendo gesto associado a antissemitismo (Reprodução/TV Senado)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) determinou que uma apuração sobre o gesto do assessor de Jair Bolsonaro. A Secretaria-Geral da Mesa (SGM) e a Polícia Legislativa da Casa vão examinar o caso.
Filipe Martins afirma que estaria apenas ajustando seu terno, e que o gesto não foi feito com nenhuma intenção política. Ele disse ainda que pretende processar qualquer pessoa que insinue que ele fez apologia ao supremacismo branco.
Reprodução de mensagem de Filipe Martins em uma rede social (Reprodução/Twitter)
Entidades judaicas no Brasil como o Museu do Holocausto de Curitiba também condenaram o gesto do assessor especial de Jair Bolsonaro. “É estarrecedor que não haja uma semana que o Museu do Holocausto de Curitiba não tenha que denunciar, reprovar ou repudiar um discurso antissemita, um símbolo nazista ou ato supremacista. No Brasil, em pleno 2021. São atos que ultrapassam qualquer limite de liberdade de expressão”, escreveu a entidade.
‘Cuidado com conclusões precipitadas’
A Liga Antidifamação, que identifica o gesto como símbolos de ódio, faz a ressalva de que, na maior parte das vezes, o seu uso ainda indica aprovação ou que algo está bem. Portanto, “deve-se tomar um cuidado especial para não tirar conclusões precipitadas sobre a intenção de alguém que usou o gesto”, diz um comunicado da ADL.
A Liga Antidifamação iniciou sua lista chamada Ódio em Exibição em 2000, com o objetivo de ajudar as pessoas a reconhecer sinais de extremismo. Hoje, já há mais de 200 verbetes, incluindo a suástica e a cruz em chamas da Ku Klux Klan.
‘Trolagem’ extremista
“Mesmo que os extremistas continuem usando símbolos que podem ter anos ou décadas (de existência), eles regularmente criam novos símbolos, memes e slogans para expressar seus sentimentos de ódio”, explica Jonathan Greenblatt, chefe da ADL.
A ADL diz que o símbolo de OK se tornou uma “tática popular de trolagem (termo usado para o ato de escrever insultos e mensagens ofensivas online)” por “indivíduos de direita, que frequentemente postam fotos nas redes sociais de si mesmos fazendo o gesto”.
Tudo começou como uma piada no fórum online 4Chan, em que o gesto inocente foi descrito como um “símbolo de supremacia branca” significando o “white power”. Mas a piada foi tão bem-sucedida e difundida pela extrema-direita que muitos acreditam que o sinal de OK está mudando de significado.
A Liga Antidifamação insiste, porém, que o símbolo na maioria das vezes significa que está tudo bem. “O uso mais amplo do gesto manual ainda atende hoje ao seu objetivo mais conhecido”, destacou.
Suspeito de atentado na Nova Zelândia fez sinal com a mão no tribunal (Reprodução/BBC)
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