ONU contraria vice-presidente e pede que Brasil reveja debate sobre racismo após morte no Carrefour


20 de novembro de 2020
Em um comunicado, a organização repudiou o fato de o brasileiro ter sido
Em um comunicado, a organização repudiou o fato de o brasileiro ter sido "brutalmente agredido" e pede investigação. (Samuel KNF/Revista Cenarium)

Com informações de agências

BRASÍLIA – Após o afirmar que “o racismo no Brasil não existe”, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi contrariado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que por meio de uma nota oficial divulgada nesta sexta-feira, 20, lamentou a morte de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro brutalmente agredido na rede de supermercados Carrefour.

A ONU manifestou solidariedade à família e lamentou a violenta morte de João, às vésperas da data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil. “O racismo é um ato que evidencia as diversas dimensões do de desigualdades encontradas na estrutura social brasileira. Milhões de negras e negros continuam a ser vítimas de racismo, discriminação racial e intolerância, incluindo as suas formas mais cruéis e violentas”, diz trecho da nota.

Segundo a ONU, dados oficiais apontam que a cada 100 homicídios no país, 75 são de pessoas negras. “O debate sobre a eliminação do racismo e da discriminação racial é, portanto, urgente e necessário, envolvendo todas e todos os agentes da sociedade, inclusive o setor privado”, diz o comunicado.

Para a entidade, a proibição da discriminação racial está consagrada em todos os principais instrumentos internacionais de direitos humanos e também na legislação brasileira. “A ONU Brasil insta as autoridades brasileiras a garantirem a plena e célere investigação do caso e clama por punição adequada dos responsáveis, por reparação integral a familiares da vítima e pela adoção de medidas que previnam que situações semelhantes se repitam”, revela.

A organização também convida a sociedade brasileira, a integrar a Campanha Vidas Negras, para promover a construção de uma sociedade igualitária e livre do racismo. “Vidas negras importam e não podem ser deixadas para trás”, conclui o comunicado.

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