Operação Carbono Oculto turbinada deve atingir núcleo do crime no Rio, diz líder do PT
Por: Ana Cláudia Leocádio
29 de outubro de 2025
BRASÍLIA (DF) – O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), anunciou nesta quarta-feira, 29, que o governo federal deverá desencadear uma operação da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro para chegar ao núcleo do crime organizado no Estado, numa espécie de “Operação Carbono Oculto” turbinada. No dia 28 de agosto deste ano, a Receita Federal em parceria com a PF e vários órgãos desbarataram um esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, com vários elos controlados pelo crime organizado, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que surgiu em São Paulo.
A declaração foi feita um dia depois da operação policial mais letal do País, após incursão das forças de segurança do Rio de Janeiro nos Complexos do Alemão e da Penha, para cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV). A ação dos agentes no local deixou pelo menos 120 mortos, entre eles quatro policiais.
A Carbono Oculto, citada por Lindbergh, cumpriu mandados de busca e apreensão em cerca de 350 alvos – entre pessoas físicas e jurídicas – em oito Estados: São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Em São Paulo, a operação chegou a vários alvos na rua Faria Lima, considerado o centro financeiro do País.

Segundo o deputado, morador do bairro Catete, os desdobramentos das investigações da Carbono, que ocorreram no Rio de Janeiro, chegaram ao maior devedor contumaz do Brasil, conhecido como Ricardo Magro, dono da Refit, refinaria que foi interditada em setembro, de forma cautelar, até que esclareça as irregularidades encontradas durante as operações de fiscalização.
Conforme o líder do PT, o escandaloso da situação ocorreu depois, quando o Estado do Rio de Janeiro, por meio do Procurador-Geral, Renan Miguel Saad, solicitou à Justiça a desinterdição da Refit, alegando prejuízos de R$ 50 milhões por mês aos cofres públicos com a interdição. O pedido foi negado pelo juiz do caso.
“Estou estudando uma ação judicial, que a gente vai entrar contra o governador Cláudio Castro, que o governador Claudio Castro ‘interviu’ (sic) através do seu procurador, para defender o maior devedor contumaz do Rio de Janeiro e para desinterditar a Refit do Rio de Janeiro. Aquele era um braço com o crime”, declarou o parlamentar.

O exemplo da Carbono Oculto foi usado pelo deputado para justificar uma futura operação no Estado do Rio de Janeiro, com a integração de todos os órgãos, que deve ter reflexos não apenas no crime organizado, mas no meio político, e que por isso as autoridades locais não querem a Polícia Federal atuando junto nas operações.
“Eu quero ver essa operação, essa super operação que vai ter no Rio, agora de inteligência, quando está a Polícia Federal, Receita Federal. Aí vai pegar gente da milícia, vai pegar gente de tráfico, vai ter consequência no mundo político, vai sim. E é isso que eles morrem de medo (…) Eles querem essa operação que eles fazem, que repetem”, afirmou.
Para o líder, que defendeu o governo federal das acusações do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro – de que não conta com o apoio no combate ao crime organizado -, é com inteligência, como operou a Carbono Oculto, que será possível chegar aos braços financeiros do crime. “Você pega o caminho do dinheiro, você asfixia financeiramente. Uma operação com essa vai pegar os testas-de-ferro, quem está por trás. Vai pegar também conexões políticas, e vão aparecer conexões políticas. Inclusive com o narcotráfico”, afirmou.
Outras providências
Em coletiva de imprensa com parlamentares do Rio de Janeiro, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, deputado Reimont (PT-RJ), anunciou que uma comitiva vai estar Estado, nessa quinta-feira, 30, para acompanhar os desdobramentos da megaoperação e fazer visitas aos Complexos do Alemão e Penha.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também anunciou, na noite de terça-feira, 29, a criação de uma comissão externa dos parlamentares para também acompanhar a situação no Estado, que ainda contabiliza os mortos e faz a identificação dos corpos, considerados todos de suspeitos que trocaram tiros com as forças de segurança. O governador Cláudio Castro disse que as “únicas vítimas foram os policiais”.