Operação da PF contra garimpo ilegal cumpre dez mandados de busca e apreensão em Jutaí, no AM

Na ação, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na cidade de Manaus (Vagner Rosário)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Polícia Federal do Amazonas (PF-AM) cumpriu nesta quarta-feira, 20, dez mandados de busca e apreensão e dez medidas cautelares em Jutaí (a 750 quilômetros de Manaus). O prefeito da cidade, Pedro Macario Barbosa, é um dos alvos e foi afastado do cargo por 90 dias. As ações fazem parte da Operação Uiara III, que visa desarticular organizações criminosas voltadas à prática de garimpo ilegal e outros crimes conexos, como os ambientais e de corrupção ativa e passiva.

As penas, somadas, podem ultrapassar a 20 anos de reclusão. Segundo PF-AM, a maioria dos crimes ocorre em Jutaí. Dentre as medidas cautelares cumpridas na operação, que contou ainda com a participação do Comando de Operações Táticas (COT), estão a de afastamento do cargo/funções públicas e acesso à Prefeitura de Jutaí, além da cassação de autorizações de garimpos de minério ilegal.

Em 22 de novembro do ano passado, o prefeito Pedro Macario Barbosa foi preso pela PF-AM ao ser flagrado transportando 257 gramas de ouro sem autorização legal. À época, o gestor tentava embarcar no aeroporto de Tefé com destino a Manaus.

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Garimpo ilegal

No dia 23 de novembro de 2021, o Greenpeace Brasil realizou um sobrevoo entre os municípios de Autazes e Nova Olinda do Norte, no interior do Amazonas, e registrou centenas de balsas enfileiradas de garimpo que chegaram a formar uma “vila flutuante” na região da Comunidade Rosarinho.

A imagem das dragas atracadas nas águas do Rio Madeira viralizou nas redes sociais. À época, mais de 300 balsas foram identificadas realizando atividades ilícitas, resultando na primeira fase da Operação Uiara, que teve por objetivo a retirada de garimpeiros ilegais na região de Autazes e Nova Olinda do Norte, ambas no Amazonas.

As diligências em torno das ações levaram à destruição de 131 balsas e a prisão três pessoas com 150 gramas de ouro extraído ilegalmente da calha do Rio Madeira. Após oito meses, em 11 de julho deste ano, as balsas voltaram a ser constatadas na mesma região, segundo confirmou o Greenpeace à REVISTA CENARIUM.

Veja também: Garimpeiros retornam ao Rio Madeira, no interior do AM, após oito meses da operação que destruiu centenas de balsas

Na Operação Uiara II, que teve por objetivo a retirada de garimpeiros ilegais na região de Borba (AM), foram destruídas 34 balsas. A SR/PF/AM esclareceu, em nota, que atualmente toda a atividade de lavra de minério na região é ilegal e que as ações objetivando a desintrusão de garimpeiros continuarão a ser realizadas, assim como serão estendidas no decorrer do ano a outras regiões no Estado do Amazonas.

Contaminação

De acordo com um laudo técnico da PF-AM sobre a primeira fase da Operação Uiara, existem fortes indícios de contaminação ambiental no Rio Madeira com o garimpo ilegal. O documento, divulgado em dezembro de 2021, confirma o lançamento de contaminantes a partir das balsas e apontou, ainda, que o mercúrio no organismo de moradores da região é três vezes maior que o limite considerado admissível pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O laudo mostra que as informações foram detectadas por meio de amostras de cabelo de moradores do rio. Os agentes também coletaram material das balsas, da água do Rio Madeira e de folhas que estavam nas margens do rio e nas imediações das embarcações.

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