OPINIÃO | Quem paga a conta da devastação na Floresta Amazônica?

O fogo das queimadas causa um prejuízo de mais de US$ 107 milhões por ano ao Brasil (Mayke Toscano/AFP)
Márcia Guimarães – Da Revista Cenarium*

A Floresta Amazônica é essencial para a vida na Terra. É a maior floresta tropical do mundo e a única que se mantém conservada, com 5,5 milhões de quilômetros quadrados. Dela depende o equilíbrio de forças da natureza que influenciam tudo no planeta. Como em um “efeito borboleta”, as árvores que tombam na Amazônia
provocam uma onda de consequências desastrosas, com prejuízos inclusive econômicos. Uma reação em cadeia que começa no meio da mata e termina no bolso de todos.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), entre os serviços que a floresta presta ao planeta estão garantir a qualidade do solo e dos estoques de água doce, regular o regime de chuvas e proteger a biodiversidade. Processos como a evaporação e a transpiração das florestas também ajudam a manter
o equilíbrio climático, fundamental para atividades econômicas, como a agricultura e a pecuária, que ao mesmo tempo desmatam e perdem com o desmatamento, além de impactar a produção de energia elétrica.

Quando a floresta é devastada, destrói-se um elemento central do equilíbrio ambiental. Em desequilíbrio, o planeta reage com excesso de chuvas em algumas regiões e seca severa em outras. Tanto um quanto o outro afetam safras, prejudicam o gado, causam prejuízos materiais à população e influenciam no custo da energia elétrica produzida nas hidrelétricas. Aumenta o custo de produção, aumentam preços e tarifas.

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O impacto econômico da devastação é medido também naquilo que a floresta pode render estando em pé. Com o desmatamento, o Brasil deixa de ganhar com ecoturismo. Segundo o Ipam, o ecoturismo cresce 65% ao ano em relação aos 15% do turismo convencional. No Brasil, diz o Ipam, meio milhão de pessoas praticam ecoturismo, gerando 30 mil empregos diretos e movimentando R$ 500 milhões por ano. Na Amazônia, esse tipo de turismo é pouco explorado.

Ainda de acordo com o Ipam, o retorno econômico da agricultura extensiva é de 10% contra 71% da exploração de madeira sustentável. Na pecuária extensiva, o retorno é de apenas 4%. O instituto informa também que o fogo das queimadas causa um prejuízo de mais de US$ 107 milhões por ano ao Brasil.

É essa relação de interdependência entre a Amazônia e os fatores que movem a economia que a REVISTA CENARIUM aborda na reportagem de capa desta edição, destacando o alto custo da devastação e lembrando que, quando a Terra é ferida, a Mãe Natureza cobra a fatura e quem paga a conta sou eu e você.

(*) Este editorial foi publicado originalmente na versão impressa de julho da Revista Cenarium

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