Organização de apoio a migrantes fica sem refeições após corte de Trump


Por: Jadson Lima

19 de fevereiro de 2025
Organização fica sem recursos para custear água e comida para migrantes após corte de Trump (Divulgação Agência Brasil)
Organização fica sem recursos para custear água e comida para migrantes após corte de Trump (Divulgação Agência Brasil)

MANAUS (AM) – As medidas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, de cortar repasses a programas do exterior desde que ele assumiu a Casa Branca, em janeiro deste ano, está causando impactos no Brasil. Na segunda-feira, 17, a organização Cáritas Brasileira anunciou a suspensão da distribuição de refeições e de água para os migrantes em Boa Vista (RR), que ocorriam por meio do “Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas” e “Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras”.

Em nota divulgada à imprensa, a entidade informou que os projetos eram 100% custeados com recursos vindos dos EUA. Em 20 de janeiro, Trump assinou uma ordem executiva que congelou, por 90 dias, os repasses de assistência estrangeira em várias partes do mundo. O apoio financeiro ocorria por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). De acordo com a CNN Brasil, a medida levantou receios entre autoridades humanitárias e o Departamento de Estado dos EUA.

Entre agosto de 2022 e dezembro de 2024, o projeto serviu 1,2 milhão de refeições (Divulgação)

O projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas distribuía cerca de 1,8 mil refeições diariamente a migrantes, de segunda-feira a sexta-feira, no Posto de Recepção e Apoio (PRA) de Boa Vista. A maioria de pessoas atendidas nas instalações são venezuelanos que vivem na capital de Roraima. Vigente desde agosto de 2022, o projeto serviu cerca de 1,2 milhão de refeições e atendeu mais de 40 mil pessoas.

Segundo o comunicado, a distribuição dos alimentos respeitava “as escolhas culturais das pessoas atendidas e garantindo uma alimentação de alto valor nutricional”.

A Cáritas Brasileira atua por meio de programas e projetos, cada um com um escopo específico de ação voltado à promoção da dignidade e garantia de direitos. Atualmente, 100% dos recursos dessas duas iniciativas vêm dos Estados Unidos. No entanto, diante da ausência de novos aportes financeiros e da falta de recursos em caixa que garantam sua continuidade, a Cáritas Brasileira tomou a difícil, mas necessária decisão de suspender temporariamente esses programas“, diz trecho da nota.

Distribuição de alimentos a migrantes ocorria de segunda-feira à sexta-feira (Divulgação)

Além da distribuição de alimentos, a Cáritas Brasileira também anunciou a suspensão do projeto Orinoco, que garantia aos migrantes acesso a banheiros, duchas, bebedouros e lavanderias. Os acessos nas
instalações de atuação do projeto, em Boa Vista e no município de Pacaraima (RR), que faz fronteira com a Venezuela, chegavam a um mil por dia. Na segunda-feira, o espaço já estava fechado.

A Cáritas Brasileira também informou que segue tentando o diálogo com os doadores dos projetos e destacou que “segue firme na sua missão de serviço, solidariedade e esperança, buscando sempre alternativas para fortalecer sua atuação junto aos que mais precisam“. A organização anunciou, ainda, uma campanha de arrecadação espontânea para que os projetos sejam retomados.

A CENARIUM procurou o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) e o Ministério da Casa Civil para solicitar posicionamento sobre o que as pastas farão após a suspensão da distribuição de alimentos para os migrantes que estão no País, por envolver a garantia de direitos básicos, e aguarda retorno.

Veja a nota completa:
Leia mais: Em Roraima, cidade de fronteira ganha instalação sanitária para refugiados
Editado por Izaías Godinho
(*) Material editado às 18h47 de 20 de fevereiro de 2024, porque uma nova solicitação foi enviada aos ministérios que são responsáveis pela coordenação dos migrantes que estão em Roraima, por meio da operação Acolhida.

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