Organizações alertam que debate sobre fim dos combustíveis fósseis não aparece na agenda da COP30


Por: Fred Santana

13 de outubro de 2025
Organizações alertam que debate sobre fim dos combustíveis fósseis não aparece na agenda da COP30
Organizações temem que conferência de Belém repita os fracassos observados na COP29 (Bárbara Cruz | Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR | Composição: Paulo Dutra)

MANAUS (AM) – Especialistas e organizações da sociedade civil alertam que a eliminação gradual dos combustíveis fósseis não está aparecendo na agenda de debates da COP30, marcada para Belém (PA). O principal temor é que, sem metas claras e compromissos efetivos, a conferência repita os fracassos observados na COP29, em Baku, no Azerbaijão, prejudicando os esforços globais contra a crise climática.

Para pressionar os governos, organizações da sociedade civil espalharam outdoors em Brasília durante a pré-COP, o último encontro de alto nível antes da conferência em Belém. A intenção é alertar sobre a necessidade do fim dos combustíveis fósseis.

Problema dos combustíveis

A queima de combustíveis fósseis responde por cerca de 70% das emissões globais que intensificam o aquecimento do planeta. Embora o Balanço Global do Acordo de Paris (GST) da COP28 tenha reconhecido a eliminação desses combustíveis como uma ação urgente desta década, ainda faltam compromissos concretos.

Entre os objetivos que deveriam estar na pauta da conferência em Belém está justamente o detalhamento dessas ações. Claudio Angelo, coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, afirmou que os principais causadores do aquecimento global — os combustíveis fósseis — simplesmente não aparecem na agenda da COP30.

Intenção dos outdoors é alertar sobre a necessidade do fim dos combustíveis fósseis (Bárbara Cruz)

“Dois anos atrás, o mundo concordou em promover a eliminação gradual do petróleo, do carvão mineral e do gás. Agora precisamos decidir em que horizonte de tempo isso deve acontecer e em que ordem, com os países ricos assumindo a liderança”, lamenta Angelo.

“A COP30 não é apenas mais uma cúpula, mas uma oportunidade histórica para mudar definitivamente o curso da história. Após 30 anos de promessas quebradas nas negociações climáticas e uma década desde o Acordo de Paris, continuamos a expandir o problema, permitindo o aumento da produção e extração de combustíveis fósseis”, afirma Kumi Naidoo, presidente da Iniciativa do Tratado sobre Não-Proliferação de Combustíveis Fósseis (Fossil Fuel Non-Proliferation Treaty Initiative, em inglês).

Ilan Zugman, diretor regional para a América Latina e Caribe da 350.org, destacou que a pré-COP é o último chamado do ano para que os governos mostrem, antes da conferência, se estão realmente dispostos a agir. “O mundo precisa de um acordo global pela eliminação gradual, justa e equitativa dos combustíveis fósseis, que é a única forma real de enfrentar a crise climática e o ponto de partida inegociável para qualquer transição energética justa”, reforçou.

Outros temas também precisam avançar

Os especialistas esperam ainda que a COP30 avance em outros temas críticos, como a interrupção e reversão do desmatamento e da degradação florestal, além de consolidar um pacote de transição energética justa, ordenada e equitativa. Para isso, segundo eles, será necessário aumentar os investimentos e estabelecer fluxos financeiros robustos destinados aos países em desenvolvimento.

Leia mais: Maioria dos brasileiros desconhece a COP30, aponta pesquisa Ipsos-Ipec

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