‘Os Povos Indígenas estão resistindo’, diz Txai Suruí sobre prêmio de destaque internacional
3 de março de 2022
Ela foi a única escolhida na categoria de Destaque Internacional, figurando entre outras ilustres personalidades consagradas nas demais qualificações (Reprodução/Nadja Kouchi)
Iury Lima – Da Revista Cenarium
VILHENA (RO) – Txai Suruí agora é a ‘Voz Mundial da Amazônia’. Essa foi a maneira como a ativista ambiental de Rondônia, representante dos Paiter Suruí, povo originário habitante da Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, foi mencionada durante a entrega do principal troféu destinado a defensores da Ecologia, no Brasil, o Prêmio Hugo Werneck de Meio Ambiente, Sustentabilidade & Amor, com cerimônia realizada na última terça-feira, 22.
“O recado que esse reconhecimento passa, na defesa do nosso Estado, é de que os Povos Indígenas estão resistindo e que isso está sendo visto, inclusive, internacionalmente”, disse a jovem em entrevista à REVISTA CENARIUM.
Primeiro prêmio de Txai Suruí
Txai conta que ficou surpresa, pois não sabia que estava concorrendo a 12ª edição do prêmio. Ela foi a única escolhida na categoria de Destaque Internacional, figurando entre outras ilustres personalidades consagradas nas demais qualificações; um total de 15 ativistas, entidades e projetos sociais.
“Eu fiquei muito feliz de receber o prêmio. Eu não sabia que tinha sido indicada. Então, foi uma alegria muito grande, até porque foi o primeiro prêmio que eu ganhei na vida’, detalhou com alegria à reportagem.
O prêmio é resultado do discurso que fez quase 200 líderes de todo o planeta silenciarem para ouvir a voz da floresta, guiada pelos ancestrais Suruí, em novembro do ano passado, durante a 26ª Conferência Climática de Glasgow, a COP26. Na ocasião, a jovem foi a única indígena brasileira a discursar na abertura do evento; um marco para a história da Nação e para o legado dos povos originários brasileiros.
“E a importância desse prêmio é, exatamente, o reconhecimento pelo trabalho, não só que eu, mas que as organizações das quais eu faço parte vêm fazendo e que os povos indígenas também vêm fazendo pelo meio ambiente”, disse ainda a ativista.
A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, organização não governamental (ONG) da qual a ativista é integrante, comemorou o reconhecimento por meio das redes sociais. A entidade fez homenagem a Txai e relembrou que a jovem indígena foi perseguida pela cúpula bolsonarista, em Glasgow, após o discurso na ONU.
“Sua defesa pela Floresta Amazônica em pé jogou holofotes nas principais reivindicações dos ambientalistas brasileiros. Ao fim de seu discurso, na COP-26, em Glasgow, na Escócia, enquanto os vídeos de sua apresentação já viralizavam na internet, ela foi abordada por um homem que teria lhe dito para “não falar mal do Brasil”. Segundo ela, na credencial que ele usava, era possível ver que ele fazia parte da delegação do governo brasileiro (…) No dia seguinte, mesmo sem ter comparecido à Conferência do Clima, o presidente a criticou em declarações que desencadearam uma onda de mensagens de ódio e preconceito direcionadas às redes sociais da ativista”, escreveu a Kanindé.
Agora com 25 anos, Txai Suruí é estudante de Direito da Universidade Federal de Rondônia (Unir), coordenadora e assessora jurídica da ONG Kanindé, criadora do movimento Juventude Indígena de Rondônia e ativista pela preservação do meio ambiente e pelos direitos dos povos originários do País.
Ela é filha de um dos mais influentes líderes indígenas da atualidade, o cacique-geral do Povo Paiter Suruí, Almir Suruí e da indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo. Na língua indígena Kaxinawá, o nome de batismo da ativista, Walelasoetxeige Suruí, é carregado de significados poderosos, tais como: “mulher inteligente”, “gente de verdade”, “mais que amigo”, “mais que irmão”, entre outros.
Aos seis anos de idade, Txai foi anunciada pela família como uma futura grande líder, legado que ela tem carregado, seguindo os passos de Almir.
Ao chegar a 12ª edição, o prêmio Hugo Werneck de Meio Ambiente, Sustentabilidade & Amor se tornou a principal forma de reconhecimento para ativistas e defensores da vida, da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, no Brasil; o ‘Oscar da Ecologia’.
O prêmio é realizado pela Revista Ecológico, no Estado de Minas Gerais, reconhecendo os melhores projetos, cases e ações. Também destaca iniciativas de empresas, governos, pessoas, cidadãos, ONGs, instituições, representantes políticos e personalidades. Ao longo do tempo, já acumula mais de mil inscrições e indicações, tendo premiado, até este ano, 151 vencedores do troféu.
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