Linda Almeida – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Em entrevista à Globo News nesta quinta-feira, 22, o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), pediu para que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, exonere Mayra Pinheiro, a “Capitã Cloroquina”, do cargo de secretária. Como justificativa, Aziz afirmou que ela não tem “condições éticas” para gerir a pasta.
Após a recente divulgação de um vídeo pelo The Intercept Brasil expondo que Mayra planejou distribuir perguntas pré-prontas que fossem favoráveis a sua narrativa de defesa ao dito “tratamento precoce”. Quem deveria receber essas perguntas seriam os deputados aliados ao Governo Bolsonaro.
O vídeo repercutiu nas redes sociais e até mesmo dentro da própria CPI, que atualmente aguarda decisão favorável para reconvocar Pinheiro a depor frente aos deputados. O requerimento foi feito pelo senador Humberto Costa e a tendência é que seja aceito. A ‘Capitã Cloroquina’ será questionada sobre o teor do vídeo e também sobre a missão de 11 médicos enviados a Manaus para recomendar o uso do ‘Kit Covid’.
‘Eles chutam para eu fazer o gol’
Segundo o Intercept, por meio do trecho divulgado, a médica apelidada fez um treinamento remoto antes de depor aos senadores na CPI, em maio deste ano. Na gravação, ela aparece junto ao pesquisador Regis Bruni Andriolo e o também secretário da pasta Helio Angotti Neto.
Nos trechos exibidos, Pinheiro questiona, “Se o senhor puder fazer três ou quatro perguntinhas que os ‘deputados’ podem me fazer. Tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho. Esse grupo precisa fazer perguntas que nos ajudem no nosso discurso. Que perguntas posso dar a esses senadores fazerem a mim, que eles chutam para eu fazer o gol?”, diz.
“Capricha e já me dá a resposta porque os senadores têm que ter essa respostinha. Tem cinco senadores que vão jogar com a gente, preciso dar perguntas para eles interrogarem, cujas respostas sejam oportunidade de eu falar”, continua.
Vergonha para senadores
Após a divulgação dos vídeos, Omar aproveitou para alfinetar tanto a médica quanto o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os senadores bolsonaristas. “A doutora Mayra não tem mais condições morais para continuar dentro do Ministério da Saúde. Do ponto de vista técnico, eu já sabia há muito tempo que ela não tinha condições. Agora, questões morais”, iniciou.
Além de expor a necessidade da profissional em ter apoio político dentro da CPI, a ética de senadores também foi posta em xeque pelo presidente, já que acima das investigações e provas apresentadas, estas figuras preferem ser coniventes com essas atitudes, quando no fim deveriam “se sentir envergonhadas” e pedir imediatamente pela exoneração da profissional.
Até o momento, nenhum dos senadores aliados ao Governo Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Podemos-CE), Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO) comentaram sobre o vídeo divulgado, assim como a médica Mayra Pinheiro.
Sobre as afirmações de Omar Aziz, o ministro da Saúde também não fez nenhum comentário ou cogitou publicamente a exoneração de Mayra.
As audiências da CPI da Pandemia ainda se encontram em recesso e devem retornar apenas no dia 3 de agosto, no entanto deve continuar normalmente suas investigações e deliberações. Segundo o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), as prioridades estarão voltadas para os depoimentos de Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, e Ricardo Barros, deputado federal (PP-PR) que teria feito nomeações no Ministério da Saúde.
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