Pacote de ajuda do BNDES às empresas aéreas chegará a R$ 4 bilhões

Companhia disponibiliza 'Seguro Covid' para viagens aos EUA e Europa (Reprodução/Internet)

Folhapress/ Marcelo Toledo e Ivan Martinez

O pacote de ajuda via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) às três grandes companhias aéreas que atuam no país deve ser de cerca de R$ 4 bilhões.

O valor foi confirmado na tarde desta quinta-feira (14) pelo presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, em conferência com jornalistas.

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Os detalhes serão discutidos em reunião com o BNDES ainda na tarde desta quinta-feira, mas a previsão é que o montante destinado a cada empresa não deva superar R$ 2 bilhões, num plano desenhado por bancos, com coordenação do BNDES.

“Ainda tem muita coisa aberta, teremos uma call com o BNDES para entender melhor a proposta. [O valor é] Bem menor do que o previsto, anunciado, e será igual pelas três [Azul, Gol e Latam]”, disse Rodgerson.

A negociação das aéreas com o BNDES tinha travado por causa do valor das ações. O banco estatal queria pagar o valor de mercado nos papéis, mas as companhias aéreas queriam que o preço estabelecido fosse aquele anterior à desvalorização de suas ações na pandemia.

A negociação era conduzida pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) nos casos de Latam e Gol, mas com o entrave as empresas as retomaram de maneira individual. Cada empresa recebeu nesta quarta-feira (13) uma proposta diferente do BNDES. “As empresas têm ações na Bolsa, e o mercado está aberto. [Por isso,] não podemos comentar por enquanto”, disse o BNDES.

Questionado sobre quanto a companhia almeja do volume total, ele afirmou que não é possível saber no momento quanto tempo a crise vai durar, mas que, quanto mais acesso a capital, melhor.

“Fizemos nossos planos com juros do governo e sem juros do governo. Temos de estar prontos para ambos. Até um mês atrás, o número foi um e agora é outro. Temos de estar preparados para qualquer cenário. Tivemos queda brutal em nossa demanda”, disse.

Segundo ele, quando uma aérea deixa de voar, há impacto em muitos setores, como fabricação de aeronaves e operação de aeroportos. “Pouco a pouco vamos construir a Azul de onde estávamos antes.”

O governo costura desde abril com bancos privados, fundos de investimento e o BNDES um plano de socorro a grandes empresas atingidas pela pandemia do novo coronavírus.

Pelo plano, serão oferecidos a empresas que têm ações negociadas na Bolsa instrumentos de dívidas conversíveis em ações, o que significa que bancos poderiam ficar com uma fatia da companhia caso ela não tenha condições de pagar o empréstimo ao fim do prazo.

As aéreas negociavam cerca de R$ 8 bilhões. Estimativas de bancos apontam que elas podem estar queimando até R$ 100 milhões em caixa por dia com a crise.

Segundo a Azul, a malha aérea em junho dependerá do comportamento da demanda, e a empresa age com conservadorismo no momento.

“Antigamente, em casos normais, sempre definia a malha com antecedência. Hoje os clientes estão comprando em cima da hora porque a situação meio que é isso. A gente também está tomando decisões de malha, mas de curto prazo”, disse Alex Malfitani, vice-presidente financeiro da Azul.

Além do BNDES, Malfitani disse que há várias negociações em andamento com outros bancos, mas nada que a empresa possa revelar no momento. De acordo com ele, de 75% a 80% da dívida bruta total da companhia se refere a leasings de aeronaves, pagamentos mensais que vencem nos próximos 12 anos.

A expectativa dele, porém, é que a normalidade no setor volte entre 18 e 24 meses. “É nossa visão atual, mas a incerteza está enorme. Muito difícil prever o Brasil em 18 ou 24 meses, hoje em dia é mais difícil ainda. É o cenário que trabalhamos como mais provável, mas temos vários cenários, mais otimistas que esse e mais pessimistas que esse. E para cada um deles temos uma estratégia. Trouxemos o poder de decisão para curto prazo. Se a gente errar e o cenário for melhor ou pior a gente tem como se adaptar.”

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