Padilha diz que vai ficar fora da disputa eleitoral para reforçar apoio a Lula em 2026


Por: Fred Santana

18 de novembro de 2025
Padilha diz que vai ficar fora da disputa eleitoral para reforçar apoio a Lula em 2026
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Ricardo Stuckert/PR)

BELÉM (PA) — O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que não pretende disputar cargos eletivos no próximo ano e que sua prioridade será trabalhar pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. Deputado federal licenciado pelo PT de São Paulo, ele deixou a Câmara para assumir o Ministério da Saúde em março de 2025, após ter comandado o Ministério das Relações Institucionais entre 2023 e 2025.

Questionado sobre a possibilidade de concorrer à reeleição, Padilha foi categórico ao negar qualquer intenção e reforçou seu compromisso com o chefe do Executivo. “A minha única participação vai ser ajudar o presidente Lula a ser reeleito”, declarou à CENARIUM nos corredores da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA) até sexta-feira, 21.

A declaração ocorreu após o lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, na sexta-feira, 14, iniciativa do governo federal considerada o primeiro plano internacional de adaptação climática voltado exclusivamente à saúde. Ao falar à reportagem, o ministro ressaltou que a integração entre as agendas climática e sanitária tem ocupado integralmente suas prioridades no governo.

O ministro Alexandre Padilha durante a COP30 (Rafa Pereira/COP30)

Segundo Padilha, “a crise climática é, antes de mais nada, uma crise de saúde pública”, o que reforça a necessidade de ampliar a capacidade de resposta do sistema de saúde brasileiro, especialmente na Amazônia. O anúncio da estratégia Mais Saúde Amazônia Brasil também fez parte do conjunto de ações apresentadas pelo ministério durante o evento.

Trajetória política

Alexandre Padilha já disputou o governo de São Paulo em 2014, quando recebeu cerca de 18,2% dos votos válidos e terminou a eleição em terceiro lugar. Depois disso, foi eleito deputado federal por São Paulo em 2018, com 87.576 votos, e reeleito em 2022, ampliando sua votação para 140.037 votos.

Ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, Padilha iniciou sua trajetória política no movimento estudantil e consolidou sua carreira no Partido dos Trabalhadores (PT). Médico infectologista, ganhou projeção nacional ao integrar a equipe da Presidência da República no Governo Lula, ocupando funções estratégicas na articulação política e no diálogo com movimentos sociais e diferentes setores da sociedade civil.

Ao longo da carreira, assumiu postos centrais, como o comando da Secretaria de Relações Institucionais, e retornou em diferentes momentos ao Ministério da Saúde, tornando-se uma das principais referências do partido em políticas de saúde pública, atenção básica e ações voltadas à redução das desigualdades regionais.

Plano de Belém reforça ligação entre clima e saúde

Durante a COP30, o Ministério da Saúde apresentou o Plano de Ação em Saúde de Belém, documento que orienta ações internacionais para fortalecer sistemas de saúde frente aos impactos das mudanças climáticas.

“Estamos lançando hoje a Mais Saúde Amazônia Brasil, uma estratégia para criar um novo SUS para cuidar dos povos da Amazônia”, celebrou. Segundo Alexandre Padilha, o Plano de Belém consolida o Brasil como articulador global em saúde e clima.

O texto é alinhado ao Acordo de Paris, às resoluções da Assembleia Mundial da Saúde e ao Programa de Trabalho EAU–Belém, estruturando três linhas de ação voltadas à prevenção, resposta e adaptação. O documento será monitorado em parceria com a Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (ATACH), sob supervisão da OMS.

Dados do Relatório Lancet Countdown América Latina 2025 mostram que eventos climáticos extremos geraram custos de US$ 19,2 bilhões para a região em 2024, com o Brasil absorvendo a maior parte desses prejuízos.

Novo SUS da Amazônia e inovação em saúde digital

Alexandre Padilha destacou que reorganizar a saúde na Amazônia é essencial diante do aumento de eventos extremos. “Cuidar dos povos da Amazônia significa ter unidades roviais, barcos, hospitais adaptados à realidade amazônica”, afirmou.

Padilha destacou que o modelo de saúde da região precisa refletir suas particularidades geográficas (Fred Santana/CENARIUM)

O ministro enfatizou que a estratégia inclui telemedicina, saúde digital e inovação tecnológica, garantindo conectividade entre especialistas de grandes centros e populações isoladas. “Precisa ter telemedicina, saúde digital, para levar médicos que estão nos centros mais especializados estarem conectados para tratar a população da região amazônica”, disse.

O ministro também anunciou o lançamento de um centro de competência dedicado à produção de medicamentos a partir da biodiversidade amazônica. Em metáfora, explicou a relevância global da proteção do bioma. “A Amazônia é como se fosse a dipirona, o paracetamol do mundo. A Amazônia protegida significa reduzir a febre do mundo”, comparou.

Leia mais: Na COP30, Barroso fala sobre meio ambiente e evita temas políticos
Editado por Adrisa De Góes

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