Pai de Fernando Vilaça diz que ‘justiça foi feita’ após condenação de adolescentes
Por: Lucas Thiago
21 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – Valdeci Ferreira, pai do adolescente Fernando Vilaça, de 17 anos, afirmou nesta quinta-feira, 21, em frente à Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), que “a justiça foi feita” após a Justiça do Amazonas condenar os adolescentes envolvidos na morte de seu filho a três anos de internação socioeducativa. A pena está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para atos infracionais análogos ao crime de homicídio, já que todos os acusados são menores de idade.
“A gente agradece que a Justiça está sendo feita porquê não pode ficar esquecido, a gente tem muito que agradecer pela Justiça está trabalhando no caso, até o momento dessa condenação desses adolescentes”, disse o pai da vítima durante uma coletiva de imprensa convocada pelo advogado da família de Fernando.
O adolescente morreu em 5 de julho deste ano no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, na Zona Leste de Manaus, em decorrência de agressões sofridas três dias antes após reagir a ofensas que, segundo os familiares, foram feitas por dois adolescentes que praticavam comentários homofóbicos e bullying contra ele, na rua Três Poderes, bairro Gilberto Mestrinho, na mesma zona da capital amazonense.
Na época, um vídeo registrou as agressões e os suspeitos fugindo do local após o ataque. Nas imagens, o adolescente aparece jogado ao chão, com uma parte do corpo em cima da calçada e a cabeça em via pública. A investigação mostrou que Fernando sofreu chute, caiu no chão, bateu a cabeça e teve uma convulsão.
Veja vídeo:
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) acatou na quarta-feira, 20, a representação da acusação, confirmando o homicídio por motivo torpe, motivado por injuria homofóbica. O advogado da família do adolescente, Alexandre Torres Jr, agradeceu a celeridade das investigações e da Justiça em entender e acatar que o crime foi cometido por motivação homofóbica.

“A gente está falando de um fato que tirou a vida e desgraçou a família de um jovem que tinha apenas 17 anos, que tinha todo um futuro pela frente, e que infelizmente foi interrompido por questões homofóbicas provadas agora em juízo. Durante a investigação nós pedimos que a autoridade policial mantivesse a investigativa de injuria racial equiparado a homofobia. O fato de ele não ser homossexual não interferia no processo, o que interessa é a vontade de praticar a homofobia”, disse o advogado.
A mãe de Fernando, Rosângela Amorim, também se manifestou sobre a internação dos adolescentes. Ela reforçou que o filho relatava que sofria ofensas por parte dos acusados. “Já é um alívio agora que eles estão presos. Agora vão ter que pagar por conta do crime que cometeram com o meu filho. Eles falavam que o meu filho era viadinho, cabelo de viadinho. Eu disso para ele deixar isso de lado”, disse a mãe afirmando que Fernando acataria o seu pedido.