Países pedem saída da COP30 de Belém, afirma presidente da conferência
Por: Bianca Diniz
31 de julho de 2025
MANAUS (AM) – O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), André Corrêa do Lago, afirmou, nesta quinta-feira, 31, que países integrantes do bureau climático , grupo que coordena administrativamente os preparativos e decisões logísticas da conferência, manifestaram preocupação com os preços “extorsivos” de hospedagens que estão sendo cobrados pelos hotéis de Belém, no Estado do Pará, durante o evento, previsto para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
Durante encontro com a imprensa internacional, promovido pela Associação da Imprensa Estrangeira (AIE) e pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o diplomata revelou que o descontentamento levou a pedidos formais para que o Brasil considere transferir a sede do evento climático. “Ficou público que países estão pedindo para o Brasil tirar a COP de Belém”, afirmou.
Ao comentar o impacto diplomático do episódio, Lago destacou o incômodo entre países mais vulneráveis. “Há uma sensação literalmente de revolta dos países por essa insensibilidade”, contou. Ele também ressaltou que a Casa Civil coordena um grupo de trabalho para negociar com o setor hoteleiro, já que a legislação brasileira não permite impor controle de preços. Apesar das pressões, Belém segue como cidade-sede da COP30, mas com crescente risco de esvaziamento. Segundo os países afetados, o aumento abusivo nas tarifas ameaça a participação das delegações e compromete o compromisso climático global.

De acordo com informações do governo federal e do governo do Estado do Pará, Belém, que normalmente conta com cerca de 18 mil leitos hoteleiros, enfrenta dificuldades para acomodar a demanda estimada para a COP30. Para ampliar a capacidade, o Governo Lula anunciou a utilização de dois navios de cruzeiro, que vão hospedar milhares de delegados e terão cerca de 6 mil camas.
Mesmo assim, as tarifas praticadas pelos hotéis chegaram a ultrapassar valores 10 a 15 vezes maiores que os preços habituais, alcançando US$ 700 por diária em alguns casos. Para Lago, os custos superam o auxílio-moradia de US$ 149, fornecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para países mais vulneráveis, o que tem levado à insatisfação coletiva. Dados da ONU apontam que o auxílio-moradia tem como objetivo assegurar a participação equitativa de todas as delegações nas conferências climáticas, especialmente para os países em desenvolvimento.
Durante a transmissão do encontro, André Corrêa do Lago explicou que, para enfrentar o impasse, a Casa Civil está à frente de um grupo de trabalho que negocia com o setor hoteleiro e demais envolvidos para buscar formas de conter os preços abusivos, embora a legislação brasileira não permita a imposição direta de limites às tarifas. “Há uma sensação literalmente de revolta dos países por essa insensibilidade”, ressaltou, enfatizando a urgência da mediação para evitar que a crise comprometa o sucesso do evento e a imagem do Brasil no cenário internacional.
Autoridades brasileiras seguem confirmando que Belém permanecerá como sede da COP30, alertando para a necessidade de ampliar a infraestrutura para receber delegações e garantir a participação de todos os países previamente anunciados. Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, além das negociações com hotéis, o governo tem investido em outras medidas, como o aumento da capacidade de transporte e segurança para acomodar o fluxo previsto de mais de 45 mil participantes.
