Palanque de Ciro e Lula no Ceará tem disputa interna na formação de chapa

Com informações da Folhapress

RECIFE — O palanque do ex-presidente Lula (PT) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) no Ceará passa por uma disputa interna pela cabeça de chapa para a eleição de outubro para o governo do Estado.

Os mais cotados para ocupar a posição no palanque são o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) e a governadora Izolda Cela (PDT), que assumiu o Palácio da Abolição no dia 2 de abril após a renúncia de Camilo Santana (PT) para disputar o Senado.

Correm por fora o deputado federal Mauro Benevides Filho e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, também pedetistas.

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A expectativa é que a definição seja em junho. Mesmo a dois meses da data prevista para a escolha do candidato ao governo, o grupo político governista no Ceará vive dias de acirramento.

Nos bastidores, a governadora Izolda Cela, que pode tentar a reeleição, é apontada como a preferida do seu antecessor no cargo, Camilo Santana, e pelo partido dele, o PT. Izolda integrou a sigla petista de 2001 a 2013.

Já Roberto Cláudio é o predileto do seu sucessor na Prefeitura de Fortaleza, Sarto (PDT). O ex-prefeito também é de confiança do ex-ministro Ciro Gomes e do senador Cid Gomes.

Palanque eclético

A coalizão do governo no Ceará envolve partidos de esquerda, como PDT e PT, de direita, como PSDB, e de centro, como o MDB.

O MDB é comandado pelo ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, que já externou publicamente a sua preferência pelo nome de Izolda Cela, mas dando explicitamente um veto a Roberto Cláudio.

Interlocutores afirmam que Eunício Oliveira tem mágoa com Roberto Cláudio porque, na eleição de 2018, o então senador venceu em diversos municípios do interior na busca pela reeleição ao Senado, mas foi derrotado na capital Fortaleza, governada pelo grupo de Ciro Gomes.

Eunício realça, conforme aliados, que a diferença de 380 mil votos para Eduardo Girão (Podemos) em Fortaleza foi determinante para sua derrota e que isso teria acontecido por falta de empenho, na avaliação do MDB cearense, do grupo político de Roberto Cláudio, Cid e Ciro Gomes.

Mesmo com a rusga com os Gomes após a derrota de 2018, Eunício seguiu no governo por causa da boa relação com Camilo Santana. O MDB ocupa cargos na máquina do Governo do Ceará.

Para tentar amenizar a fala de Eunício contra sua pré-candidatura, Roberto Cláudio disse, em agenda no interior no dia 20, que não tem óbice para conversar com o emedebista e, portanto, de compor um palanque.

“Sentarei com o Eunício, quando possível, se tiver oportunidade. A gente precisa construir uma aliança o mais forte possível. Não tenho nenhuma dificuldade de diálogo com quem quer que faça parte da aliança que apoia o Camilo. Faz parte do meu papel de pré-candidato e ajudar nesta dinâmica, ser um instrumento de paz e não de divisão”, afirmou no dia 19, de olho no palanque eleitoral.

No PT, o indicativo é semelhante. Izolda é tida como nome palatável, a começar porque foi do partido por mais de uma década. Os petistas também consideram que Roberto Cláudio teve diversos enfrentamentos com o PT nos últimos anos.

Em 2012 e 2016, Cláudio venceu o PT nas disputas em Fortaleza. Em 2020, o candidato do PDT na cidade, Sarto, superou a petista Luizianne Lins, desafeta dos irmãos Gomes e opositora de Roberto Cláudio.

O deputado federal José Guimarães, vice-presidente nacional do PT, disse publicamente que o apoio do partido não será automático ao PDT e que a aliança será efetivada a depender do nome.

“A depender desse nome e do caminho que o PDT escolher, evidentemente que o PT pode até discutir candidatura própria. Não vai manter uma aliança a ferro e fogo. O PT não vai para qualquer aventura”, disse Guimarães ao jornal Valor Econômico no dia 11 de abril.

Aceno

Em agenda com Izolda em Coreaú, Evandro Leitão, tido como um dos pré-candidatos do PDT, surpreendeu e acenou à governadora. “O Poder Legislativo estadual tem o maior carinho pela senhora. Se Deus quiser, ao longo do seu mandato, nos nove meses e, se Deus quiser, mais quatro anos aí à frente do Governo do Estado do Ceará, [que] possa ser repleto de sabedoria”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa.

Enquanto o impasse segue, a ala petista crítica ao PDT estimula o lançamento de uma candidatura própria ao Governo do Ceará para servir como palanque de Lula, já que o candidato do PDT naturalmente pedirá votos para Ciro Gomes.

Em 2018, Camilo Santana disputou a reeleição de governador fazendo campanha para Fernando Haddad (PT) e para Ciro Gomes no primeiro turno.

Mesmo com as farpas entre Lula e Ciro Gomes, o acordo até o momento é que o PDT disputa o governo e, na mesma aliança, o PT lança Camilo Santana ao Senado, mais uma vez indicando um palanque confuso no Ceará.

Partido que lançará um de seus integrantes para o governo cearense, o PDT trata como comum aliados dizerem suas preferências enquanto o palanque é construído.

“São ruídos naturais. Cada um tem seus gostos. Tenho absoluta convicção que esse projeto que tem sido sequenciado por PDT, PT e demais partidos aliados terá continuidade com permanência de todos os partidos que deram sustentação aos governos de Cid Gomes, Camilo Santana e de Izolda”, diz o deputado federal André Figueiredo.

Pela oposição, o pré-candidato mais bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto é o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil). Outro nome que pode ser lançado é o do senador Eduardo Girão (Podemos).

O grupo oposicionista sofreu uma defecção em relação à eleição de 2018. O PSDB, do senador Tasso Jereissati, anunciou que vai aderir ao arco de apoios do PDT para a eleição de 2022.

O PSOL, por sua vez, lançou a artesã e comunicadora Adelita Monteiro como pré-candidata a governadora do Ceará.

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