Palestino morto em Manaus não era alvo em briga; veja o que diz delegado


Por: Ana Pastana

13 de fevereiro de 2025
Palestino morto em Manaus não era alvo em briga; veja o que diz delegado
A vítima, Mohammad, o acusado, Bruno Silva, e a imagem da noite do crime (Composição de Lucas Oliveira/CENARIUM)

MANAUS (AM) – “Essa vítima é um herói, salvou o amigo dele“. Foi como o titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Ricardo Cunha, descreveu, durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, 13, a ação que ceifou a vida do palestino-brasileiro identificado como Mohammad Ali Ismail Hamdan Manasrah, de 20 anos. Segundo a polícia, o jovem não era o alvo dos golpes de gargalo de garrafa desferido por Bruno da Silva Gomes, de 23 anos.

O crime aconteceu no último sábado, 8, na saída de uma casa noturna no bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul de Manaus. Bruno foi apresentado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), também na manhã desta quinta-feira, apontado como o autor do golpe fatal que matou a vítima.

O jovem palestino-brasileiro Mohammad (Reprodução/Arquivo Pessoal)

O Boletim de Ocorrência (BO) registrado após o crime, apontava Robson Silva Nava Junior como principal suspeito. No último domingo, 9, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou a prisão temporária dele. Agora, Robson é considerado foragido pela polícia.

PC-AM procura Robson Silva Nava Junior (Divulgação/PC-AM)

O delegado Cunha, que estava à frente deste caso, confirmou a versão no qual apontava que o desentendimento entre o autor do crime e a vítima teria iniciado dentro da casa noturna. O que chama atenção é o fato de que o desentendimento não teria acontecido diretamente com Mohammad, mas sim, com o irmão dele, que não teve o nome divulgado.

Nesse dia, eles tinham ido confraternizar nessa boate, ocasião em que o irmão dessa vítima esbarra, acidentalmente, no Bruno. O Bruno, molhado pelo gelo da cerveja que ele estava carregando em um balde, passa, então, esse balde para a sua namorada e inicia-se uma confusão”, explica o delegado.

Os seguranças retiraram Bruno das dependências da casa noturna. Após isso, Robson passa a proferir ameaças ao grupo que acompanhava o palestino-brasileiro, segundo a investigação. “Robson permanece próximo do grupo da vítima, aguardando esse pessoal sair para comunicar o Bruno que, nesse momento, já estava fora da boate e se armou com o gargalo de garrafa e estava aguardando ali a pessoa que ele queria lesionar ou queria matar”, disse Cunha.

O delegado titular da DEHS, Ricardo Cunha (Divulgação/Beatriz Sampaio/PC-AM)

Ainda de acordo com o delegado titular da DEHS a participação de Robson, procurado pela PC-AM, foi essencial para que Bruno cometesse o crime. “O grupo sai da boate, ele [Bruno] para propositalmente na frente da boate. O Robson para o grupo, faz uma roda de pessoas ali e é quando o Bruno, na posse de um gargalo de garrafa tenta lesionar a pessoa que estar de frente para ele – não foi identificado quem seria o verdadeiro alvo de Bruno -. Mohammad percebe esse ato, se coloca na frente dessa vítima. No caso, então ele é um herói, salvou o amigo dele, o próprio amigo dele. Entretanto, ele leva um golpe ali no pescoço, um golpe fatal que não é percebido de imediato só é percebido momentos depois“, esclareceu a autoridade policial.

Para a polícia, o caso está elucidado, não havendo duvidas de que os golpes foram desferidos por Bruno da Silva, e de que a participação de Robson Silva foi essencial para a conclusão do crime. “É um caso que a gente considera elucidado, entretanto, segue foragido o Robson. O Robson teve participação de menor importância, mas teve uma participação efetiva para a conclusão desse delito“, concluiu.

Bruno da Silva Gomes, apresentado pela PC-AM (Reprodução/Portal do Holanda)
Sociedade Árabe Palestina do Amazonas

A Sociedade Árabe Palestina do Amazonas, através de nota, afirmou que confia na Justiça para a punição dos responsáveis pelo crime que tirou a vida de Mohammad. “Ressaltamos nossa confiança na Justiça e nas autoridades competentes para a rigorosa apuração dos fatos e punição dos responsáveis por esse ato covarde. A violência que vitimou Mohammad não pode passar impune“, diz um trecho da nota.

De acordo com a entidade, o translado do corpo do jovem palestino “está em curso e que todas as questões burocráticas foram resolvidas com as autoridades competentes”. Familiares de Mohammad estão acompanhando o translado que segue para o Estado de São Paulo e tem como destino final o País da Jordânia, no Oriente Médio.

Relembre o caso

Mohammad Ali Ismail Hamdan Manasrah, de 20 anos, era estudante do curso de Ciência da Computação na Universidade da Jordânia. O jovem palestino estava de férias com a família em Manaus, quando foi assassinado, após ser atacado na região do pescoço com golpes de uma garrafa de vidro quebrada, na madrugada de sábado, 8, em frente a casa noturna no bairro Nossa Senhora das Graças, na Zona Centro-Sul. A vítima estava com passagens marcada para voltar ao País de origem nessa quarta-feira, 12.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que a vítima, de blusa branca, cai ensanguentada sobre um homem, não identificado. Além do rapaz que ampara Mohammad, outros quatro estão ao redor, aparentemente desnorteados com a situação, enquanto uma mulher, de vestido branco, e outro homem de roupa preta caminham em direção à vítima. Ao fundo, é possível notar também outro homem de camisa branca correndo. As imagens foram feitas por testemunhas que estavam no local no momento do crime.

Nas imagens, Mohammad aparece caindo no chão ensanguentado (Reprodução/Redes Sociais)

Mohammad foi encaminhado ao Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, onde foi atendido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi choque hemorrágico, lesão vascular, traumatismo do pescoço e trauma de ação perfurocortante.

Esclarecimento

Em nota, a casa noturna reforçou as informações de que a confusão iniciou nas dependências do estabelecimento, mas o ataque ocorreu do lado de fora do local. O Rox Club Lounge afirmou que colabora com as investigações.

Contrariamente ao que tem sido veiculado por alguns meios de comunicação, o ocorrido não aconteceu dentro de nosso estabelecimento. O incidente que levou à morte do jovem aconteceu após os envolvidos terem saído das nossas dependências e se envolvido em uma desavença na rua“, afirmou.

Leia mais: Jovem palestino morto em Manaus nasceu no AM e vivia na Jordânia

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