Pandemia e bloqueio econômico: Cuba pede ajuda para comprar seringas

Com campanha de arrecadação para compra de seringas, espera-se que o processo de imunização avance no país (Divulgação/Agência Pará)

Déborah Arruda – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Enfrentando seu pior momento na pandemia da Covid-19, Cuba padece com a falta de insumos básicos para garantir a vacinação, como seringas. São mais de 449 mil casos registrados no país até este domingo, 8, e cerca de 3.350 mortes pela doença. Em uma tentativa de garantir a imunização de mais residentes da ilha, a Câmara Empresarial Brasil – Cuba iniciou um projeto para arrecadar fundos, com o objetivo de adquirir um milhão de seringas.

Em sua 3ª edição no último ano no Brasil, a iniciativa é realizada com apoio do Movimento Brasileiro de Solidariedade com Cuba e chamou a atenção de diversos cubanos que residem em solo brasileiro, como os professores Zochil Gonzalez e Luiz Mariano Carvalho. À CENARIUM, Luiz contou que a solidariedade é natural ao povo cubano e que a expectativa é de que até o fim desta campanha, no final de agosto, se espera conseguir o suficiente para a compra de um milhão de seringas.

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“Há uma solidariedade natural ao povo cubano por causa do bloqueio americano. Está fácil arrecadar doações. A mídia tradicional brasileira repassa, na maioria dos casos, notícias de algumas poucas agências internacionais. Em geral, estas informações são enviesadas e eivadas de preconceitos. Para se ter informações sobre a realidade cubana é necessário consultar mídias alternativas ou a própria imprensa cubana”, afirmou.

Gonzalez afirmou que formou-se uma espécie de corrente, para garantir que chegasse a ajuda necessária ao país. “Eu sou cubana, inicialmente um deles, que é amigo e colega, me procurou e começaram a procurar uma forma de conseguir fazer chegar ajuda a Cuba. Essa ação surgiu da intenção de ajudar o povo de Cuba de alguma forma, no momento atual. Uma coisa importante em Havana é que conseguiram vacinar bastante, isso diminui muito a gravidade”, contou.

Desde o início da pandemia, em muitas regiões o país conseguiu controlar o número de casos. Mas o cenário não é mais o mesmo. Hoje, Cuba é o local com maior número de infecções por percentual da população em todo o continente.

Sobre a ação

Conforme divulgado, a cada R$ 12 arrecadados, serão garantidas 100 seringas para viabilizar a imunização dos habitantes da ilha. Até o dia 30 deste mês, os interessados poderão realizar uma transferência de qualquer valor à conta da Câmara Empresarial Brasil – Cuba, sugere-se o valor de R$ 100. A entidade pede que, para conseguir identificar a doação, seja enviado o valor desejado mais R$ 0,21. A entrega das seringas está prevista até novembro de 2021.

Para doações:

CÂMARA EMPRESARIAL BRASIL-CUBA

CNPJ 34.131.511/0001-64

Banco do Brasil 001 Agência: 4770-8 Conta Corrente: 13.844-4

PIX 34.131.511/0001-64

Sanções americanas

O País está desenvolvendo cinco vacinas contra a Covid: Soberana 1, Soberana 2, Soberana Plus, Abdala e Mambisa. Porém, os bloqueios econômicos impostos pelos Estados Unidos da América (EUA) dificultam a imunização da população cubana, de mais de 11,3 milhões de habitantes. Com os embargos, que existem desde a época de John F. Kennedy, em 1962, Cuba sofre restrições de importações. Em 2019, Donald Trump reforçou as sanções e reposicionou o país socialista na lista dos que apoiam o terrorismo. Agora, Joe Biden também aumentou as sanções, o que prejudicou ainda mais a garantia de condições básicas no enfrentamento à pandemia.

Dados de 2019 do Observatório da Complexidade Econômica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) mostram que Cuba negocia com outros países ao redor do mundo. A China é um dos principais destinos das exportações cubanas, chegando a 38,2%. Logo em seguida está a Espanha, com 10,5%, Holanda com 5,44%, Alemanha, com um total de 5,37%, e Chipre, com 4,05%.

A ilha se mantém com importações principalmente da Espanha e China, que juntas somam mais de 34%. Também estão na lista Itália, Canadá e Rússia. Entre os produtos mais exportados estão o fumo, o açúcar, bebidas alcoólicas, níquel e zinco. As importações incluem carne de frango, trigo, milho e leite concentrado.

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