Pandemia ressalta importância do SUS, após 32 anos da criação de sistema público de saúde

Criticado, o sistema de saúde pública no Brasil, apresenta sua extrema importância em tempos de pandemia (Reprodução/Internet)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Sistema Único de Saúde (SUS) chega aos 32 anos diante de um desafio pesado: enfrentar a pior e maior pandemia dos últimos 100 anos. Além de combater a epidemia, o sistema ainda tem de responder pela saúde de 11 milhões de usuários por dia, no Brasil.

Em mais de três décadas, o SUS contribui para a redução da mortalidade infantil no País. É responsável ainda pelo aumento da expectativa e qualidade de vida da população e também da melhora significativa dos principais indicadores de saúde pública na maior nação da América do Sul.

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Para a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), doutora Clarissa Mathias, o SUS é uma vitória, cujas conquistas não podem ser minimizadas. “O SUS aumentou o acesso dos brasileiros à saúde como não se pensava ser possível 30 anos atrás”, destacou a profissional.

A presidente da entidade também fez outras observações. “O Brasil se tornou, ao longo dos anos, referência em política de vacinação e de transplante e hoje temos outros desafios que precisamos enfrentar por conta do novo perfil epidemiológico da população”, avaliou Clarissa.

Critica quem não precisa

Para o deputado estadual pelo Amazonas, Serafim Corrêa (PSB), a existência do SUS é a garantia de que os mais carentes terão acesso a um serviço básico. “O que seria da maioria da população se não fosse o SUS. Tem suas dificuldades, mas o sistema fez o que dava pra fazer”, assinalou.

Para o deputado, críticas de políticos de direita sobre a redução ou mesmo a extinção do SUS não têm amparo na realidade. “O SUS é importantíssimo para a população carente. Claro que precisa melhorar e muito a gestão. Não permitir a prevalência do interesse privado sobre o público”, assinalou.

Para Serafim, quem pede o fim do SUS, ou não tem conhecimento do alcance do sistema ou não pensa em quem realmente precisa da mão do Estado como provedor de saúde pública. “Eles falam porque não necessitam do sistema. Dura verdade”, sentenciou o parlamentar amazonense.

No dia a dia

Médico da rede pública, o anestesiologista Denison Bentes sentiu e sente na pele os efeitos da pandemia. Atendendo na rede pública de Parintins (369 quilômetros de Manaus) ele comentou sobre as mais de três décadas do SUS. “O SUS está passando no teste com louvor”, enalteceu o médico.

Para ele, o sistema se mostrou eficiente. “Foi a organização da rede pública no início da pandemia que se mostrou eficiente. Em Parintins, por exemplo, quando percebemos o início da onda, centralizamos as ações da Covid em apenas uma única unidade para otimizar e padronizar atendimentos”, detalhou.

O médico enumera outras qualidades que podem ser encontradas no sistema. “Existem casos que posso citar como cirurgia cardíacas, em sua grande maioria de alta complexidade, que somente no SUS é possível realizar, além da questão de transplante de órgãos”, destacou o anestesiologista.

Mas, ele abre espaço para observações. “O que precisa ser organizado seria a questão de municípios que não investem em médicos generalistas e nem em médicos especialistas e contam com o município vizinho para atenderem suas demandadas se prevalecendo da universalidade do SUS”, criticou.

Ele ainda questiona: “Como pode um município receber valores da média complexidade e não realizar nenhuma cesariana e ainda assim enviar seus munícipes para outro município que investe em médicos? Existem interiores com uma boa arrecadação no oeste do Pará, que não tem nenhum obstetra”, finalizou.

Mandetta questionou

Tratado como herói durante o curto período em que ocupou o cargo de ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta caiu após se chocar com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ‘no tocante’ às orientações sanitárias emitidas pelo seu ministério durante a fase aguda da pandemia.

De acordo com os portais Ópera Mundi e Fórum, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, transmitido na noite do dia 27 de maio de 2020, o ministro da Saúde à época, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que iria “provocar” o Congresso para que seja debatido o fim da gratuidade universal do SUS. 

“É justo ou equânime uma pessoa que ganha 100 salários mínimos ter o atendimento 100% gratuito no SUS? Nós vamos quebrar isso em nome da equidade? Quem vai ter 100% de atendimento gratuito no SUS? Nós vamos instituir o parâmetro de equidade social por categorias sociais? Quais faixas serão?”, questionou.

Naquele período, Mandetta considerava reavaliar o sistema. “Eu acho que essa discussão é extremamente importante para este Congresso. Eu vou provocá-la, vou mandar a mensagem sim, para a gente discutir equidade e esse ponto a gente vai por o dedo”, comentou na época o antigo ministro.

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