Pantanal foi proporcionalmente mais atingido por incêndios em quatro décadas
20 de junho de 2024
Davi Vittorazzi — Da Cenarium
CUIABÁ (MT) — Um estudo do MapBiomas mostrou que o Pantanal foi o bioma que mais queimou proporcionalmente, com 59% de seu território em chamas entre 1985 e 2023. O levantamento destacou que, ao todo, o bioma teve uma área de 8.932.807 hectares afetada pelos incêndios nos 39 anos.
Em 2023, foram mais de 600 mil hectares queimados no Pantanal, sendo que 97% incêndios ocorreram entre os meses de setembro e dezembro, conforme o estudo da Coleção do MapBiomas Fogo. O mês de novembro concentrou 60% do total da área queimada. O bioma representa 4,5% do total nacional. A área queimada ficou em 824.567 hectares por ano.
A análise aponta que o bioma enfrenta incêndios intensos, principalmente nas épocas de secas prolongadas. As queimadas ganham grandes proporções devido às dificuldades de contenção das chamas e qualquer foco pode gerar grandes impactos na fauna e flora da região, evidencia o MapBiomas.
No mesmo período, cerca de 199,1 milhões de hectares foram queimados pelo menos uma vez em biomas de todo o país, segundo o levantamento. A área representa quase um quarto (23%) do território nacional. A vegetação nativa foi a que mais sofreu com os incêndios e 68,5% dos focos foram registrados em áreas naturais. Quase metade da área queimada (46%) está concentrada nos Estados de Mato Grosso, Pará e Maranhão.
Áreas de biomas atingidas por incêndio
- Amazônia: 82,7 milhões de hectares
- Cerrado: 88,5 milhões de hectares
- Caatinga: 11 milhões de hectares
- Pantanal: 8,9 milhões de hectares
- Mata Atlântica: 7,5 milhões de hectares
- Pampa: 518 mil hectares
O Pantanal está situado entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A região pantaneira é considerada a maior planície alagada do mundo. A área aproximada do Pantanal é de 150.355 quilômetros quadrados (km²). O bioma é influenciado pelos rios que drenam a bacia do Alto Paraguai em seu espaço territorial.
Atualmente, o bioma passa por uma grave seca. No mês de maio, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos na Bacia do Paraguai. A falta de chuva na região são algumas das consequências dos efeitos do El Niño e das mudanças climáticas.
Proteção do bioma
O Governo Federal criou na última semana uma sala de situação para ações de prevenção e controle de incêndios e secas em todos os biomas, com foco inicial no Pantanal. O grupo teve a primeira reunião na última segunda-feira, 17. Entre as ações, estão previstas a contratação de brigadistas, equipamentos de combate e aeronaves.
Em Mato Grosso, o Governo Estadual lançou, também na segunda, uma operação de combate aos incêndios no Pantanal. Segundo o Executivo, mais de 50 bombeiros e brigadistas estarão distribuídos em Poconé, Barão de Melgaço, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento e Cáceres.
Apesar dos esforços, entidades ambientalistas pedem mais ações. Mais de 30 entidades ligadas ao ‘Observatório Pantanal’ encaminharam uma carta ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aos governos estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, solicitando que Centro de Coordenação de Resposta de Emergência da União Europeia (CCRE), do núcleo de Proteção Civil do bloco europeu, seja acionado para ajudar no combate aos incêndios neste ano.
Veja o levantamento na íntegra: