Com informações da Folha de S. Paulo
CIDADE DO VATICANO – Durante audiência semanal do Vaticano realizada nesta quarta-feira, 26, o papa Francisco fez um apelo para que os pais não condenem seus filhos devido à orientação sexual. O pontífice já havia dito, em outra ocasião, que pessoas LGBTQIA+ têm o direito de serem acolhidas por suas famílias.
Francisco falava sobre a dificuldade que os pais podem enfrentar na criação dos filhos quando elencou a importância de “não se esconder atrás de uma atitude de condenação” diante da orientação sexual.
Ele também disse que, embora a Igreja Católica não aceite uniões entre pessoas do mesmo sexo, a instituição pode e deve apoiar leis de união civil destinadas a dar a esses casais direitos igualitários em áreas como acesso à saúde e compartilhamento de bens.
O Vaticano anunciou, no ano passado, que padres e outros ministros da igreja não podem abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo e que tais bênçãos não serão consideradas lícitas se forem realizadas, uma vez que, dizia o comunicado, “Deus não pode abençoar o pecado”.
Em alguns países, entre os quais os Estados Unidos e a Alemanha, paróquias e religiosos começaram a realizar uniões de pessoas do mesmo sexo, e houve pedidos para que o Vaticano institucionalizasse esse direito. A ala mais conservadora da igreja, por outro lado, alega que o papa Francisco tem dado sinais contraditórios sobre o casamento homossexual, levando à confusão dos fiéis.
Francisco, que lidera a igreja desde 2013, adotou postura mais aberta sobre o tema, mas não mudou dogmas da instituição, como mostra a decisão de não abençoar a união de pessoas do mesmo sexo.
O pontífice disse que jamais poderia julgar um gay, sinalizou que os católicos devem acolher crianças de casais do mesmo sexo e já recebeu transexuais e defensores do aborto em audiências.
Um dos principais opositores ao casamento gay na igreja é o papa emérito Bento 16, atualmente envolvido em uma investigação por supostamente ter acobertado casos de abuso sexual de crianças quando era arcebispo de Munique. Em uma biografia autorizada, ele comparou a união homossexual ao “anticristo”.
Em dezembro, um departamento do Vaticano pediu desculpas por “causar dor a toda a comunidade LGBTQ” após ter removido do site institucional um link para o material de divulgação de um grupo católico que atua em defesa dos direitos LGBTQIA+.
Nesta semana, um grupo de 125 católicos LGBTQIA+ da Alemanha denunciou o que eles chamam de política discriminatória da igreja. Padres, ex-sacerdotes, professores de teologia, voluntários das paróquias e praticantes da religião pediram uma mudança no “código trabalhista discriminatório” da instituição e a eliminação da “redação degradante e excludente” de regulamentos da igreja.
Além de retomar o respeito à comunidade, o papa também abordou, na audiência desta quarta, a tensão na Ucrânia, segundo informações do jornal americano National Catholic Reporter. O país do Leste Europeu assiste ao avanço de tropas da Rússia na fronteira de seu território, movimentação que abriu uma nova frente de crise com o Ocidente.
Francisco fez um apelo por paz. “Eles são um povo que sofre”, disse, falando sobre os ucranianos. “Sofreram fome e tanta crueldade que merecem paz”, acrescentou, pedindo orações para o país. “Por favor, nunca faça guerra.”
As falas do pontífice vêm poucos dias após Francisco atribuir, pela primeira vez, os ministérios leigos da Igreja Católica de Leitorado e Catecismo a mulheres. Os cargos já haviam sido femininos em outras ocasiões, mas sem o reconhecimento institucional formal.
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