Pará concentra cidades com pior progresso social do Brasil
Por: Fernanda Ribeiro
29 de maio de 2025
MANAUS (AM) – O Índice de Progresso Social Brasil (IPS) divulgou, nesta quinta-feira, 29, a segunda edição do Índice de Progresso Social. A análise inédita abrangeu todos os 5.570 municípios do Brasil se baseando em 57 indicadores sociais e ambientais. O resultado do estudo revela um cenário preocupante para o Pará: 12 das vinte cidades com a pior pontuação no ranking nacional estão localizadas no Estado.
O IPS avalia o desempenho dos municípios em pilares essenciais como: necessidades humanas básicas, fundamentos para o bem-estar e oportunidades, expõe as fragilidades enfrentadas por moradores de cidades paraenses como: Jacareacanga, Bannach, Trairão, Pacajá, Portel, São Félix do Xingu, Anapu, Cumaru do Norte, Uruará, Santana do Araguaia, São João do Araguaia e Santa Maria das Barreiras. Veja:

Os dados apontam que o Pará não apenas concentra um grande número de municípios com baixos índices de progresso social, mas também ocupa as últimas posições em diferentes categorias de tamanho populacional. Entre os municípios com até 5 mil habitantes, Bannach (PA) figura como o pior desempenho do Brasil, com um IPS de 40,99. Outras cidades paraenses nesta categoria não aparecem entre os dez piores do ranking, mas a presença de Bannach já sinaliza a gravidade da situação.
“A escolha dos indicadores para cada componente segue critérios rigorosos de acordo com a metodologia global do IPS. Os critérios para a escolha dos indicadores são: 1) ser social ou ambiental; 2) medir resultado; 3) ter uma fonte confiável e pública (dados secundários); 4) ser um dado recente (no máximo 5 anos); e 5) ter disponibilidade para todos ou quase todos os territórios (95% – 100%)”, aponta o relatório.

A realidade não é diferente para os municípios com população entre 5 mil e 20 mil habitantes. Trairão (PA) e Cumaru do Norte (PA) estão entre os piores desempenhos do País, com pontuações de 42,08 e 43,55, respectivamente. São João do Araguaia (PA) e Santa Maria das Barreiras (PA) também se destacam negativamente, consolidando a presença do Estado entre as localidades com menor progresso social.
Quando são analisados os municípios com 20 mil a 100 mil habitantes, o Pará mais uma vez lidera as piores colocações. Jacareacanga (PA) registra o pior IPS do Brasil para essa faixa, com 40,04 pontos. Em sequência, aparecem Pacajá (PA), Portel (PA), São Félix do Xingu (PA), Anapu (PA) e Uruará (PA), todas com índices abaixo de 45. Santana do Araguaia (PA) também integra essa lista.
Mesmo em categorias de maior porte populacional, a situação paraense permanece delicada. Entre os municípios com 100 mil a 500 mil habitantes, cidades como Altamira (PA), Breves (PA), Itaituba (PA), Bragança (PA), Marabá (PA), Cametá (PA), Castanhal (PA) e Abaetetuba (PA) aparecem entre os dez piores desempenhos do País. E, no grupo de municípios acima de 500 mil habitantes (exceto capitais), Ananindeua (PA) figura como a cidade com o pior IPS do Brasil, com 56,19 pontos.
Veja o estudo na íntegra:
Comparação com 2024
Embora os dados específicos do IPS 2024 para cada município não tenham sido detalhados, a reincidência de doze cidades paraenses entre as vinte com pior qualidade de vida em 2025 aponta para uma persistência dos desafios sociais e econômicos na região. O resultado do estudo aponta que as intervenções e políticas públicas implementadas entre os dois anos não foram suficientes para reverter o quadro de precariedade dos municípios.
A constatação de que o Estado concentra grande parte das cidades com os piores índices de progresso social em diversas categorias pode configurar um sinal de alerta para as autoridades e para a sociedade. O relatório de vida, saúde, educação, saneamento básico e oportunidades econômicas nessas localidades, a fim de reverter esse cenário e promover um desenvolvimento mais equitativo e sustentável no Estado.
COP30
O Estado que vai sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), prevista para ser realizada em novembro deste ano. Em maio, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), declarou que Belém está recebendo um investimento de cerca de R$ 5 bilhões em infraestrutura para a realização da COP-30.
Desse total, R$ 3 bilhões serão executados este ano e até R$ 2 bilhões em 2025. A falta de investimentos em projetos diretamente ligados às comunidades tradicionais foi um dos pontos de crítica na preparação para a COP-30.
“Belém merece, sim, investimentos, mas deveriam olhar mais para quem realmente protege a floresta. A cidade já sediou o Fórum Mundial Social, a Cúpula da Amazônia, e nada mudou para nós. A Doca vai receber um pedaço de Paris, a Estação das Docas vai virar um point chique. São obras megalomaníacas e que nada afetam o cotidiano de quem preserva a floresta, enquanto isso estamos mantendo a nossa biodiversidade amazônica à custa de muito suor”, destacou a liderança da Associação Quilombola África e Laranjituba, Raimundo Magno.