Para conter nova onda de Covid-19, pesquisador da Fiocruz sugere lockdown: ‘Situação preocupante’

Para ele, a solução é as autoridades competentes aderirem ao lockdown para conter a disseminação total do vírus (Sandro Pereira/Revista Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O pesquisador e epidemiologista do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Jessem Orellana, afirmou nesse sábado, 26, que Manaus está em uma situação preocupante da pandemia do novo Coronavírus e afirmou que a cidade vive uma segunda onda da doença.

Orellana sugere para as autoridades competentes a adesão ao lockdown, ou seja, confinamento total da população para conter a disseminação do vírus. Em entrevista ao Globo News, Jessem destacou que a capital amazonense teve um aumento sustentável da incidência ou de casos novos de síndrome respiratória aguda grave há mais de quatro semanas.

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“É uma situação que está bastante preocupante. Nós temos visto muitas unidades de saúde, inclusive, do município, de hospitais particulares de Manaus com uma grande quantidade de atendimento de casos novos de Covid-19. Não é em vão que a Prefeitura de Manaus, bastante acertada, tomou a iniciativa antes de que o Governo do Estado de fechar a praia Ponta Negra”, pontuou.

A primeira onda da pandemia no Estado ocorreu em meados de abril e maio deste ano. À época, com aumento de mortes por Covid-19, Manaus se viu em situação alarmante e precisou usar valas comuns para enterrar seus mortos. A possibilidade de que o Amazonas esteja vivendo uma segunda onda do novo Coronavírus é descartada pelo governo.

Na avaliação do pesquisador, com o Amazonas chegando ao número de quatro mil mortes por Covid-19 e o aumento no número de casos da pandemia nas últimas semanas, a única alternativa acertada para conter a circulação do vírus é o lockdown.

“Para conseguir conter a circulação do vírus, não há outra solução que não seja o lockdown, e um lockdown rigoroso, que você consiga fazer uma fiscalização efetiva da mobilidade intramunicipal, tanto da parte de transporte coletivo como do transporte privado, das pessoas”, opinou.

Segundo ele, mesmo com o Governo do Amazonas instalando novas medidas para conter o aumento de casos de Covid-19, voltando a fechar bares e reduzindo os horários de funcionamento de restaurantes, não é possível reduzir de forma significa a circulação viral.

“Ao reduzir os horários, por exemplo, do funcionamento de restaurantes, de bares, proibindo eventos públicos, você não consegue, com esse tipo de estratégia, reduzir significativamente a circulação viral no meio ambiente, na verdade, o que você faz é desacelerar a propagação do vírus. Nesse caso, lamentavelmente, a medida mais apropriada para bloquear essa disseminação viral seria um lockdown de pelo menos uns 14 a 30 dias”, afirmou.

Imunidade de rebanho

Na última semana, um estudo liderado pelo Instituto de Medicina Tropical da USP, com colaboração da Universidade de Oxford, constatou que entre 44% e 66% da população na capital do Amazonas já foi exposta à Covid-19, indicando que Manaus já teria atingido status de “imunidade de rebanho”, devido à grande quantidade de pessoas com “proteção pós-infecção”.

Ao ser questionado, Jessem Orellana destacou que a discussão sobre o assunto é sempre muito polêmica, principalmente, por se tratar de uma doença nova como o novo Coronavírus. Para o pesquisador, Manaus vive uma segunda onda da pandemia e a tese de imunidade de rebanho só deve se consolidar na região em meados de janeiro de 2021.

“É indubitável que nós estamos em uma segunda onda em Manaus, que estamos tendo um elevando número de hospitalizações por casos graves de síndromes respiratória aguda. Esse tipo de cenário epidemiológico em que se tem a Prefeitura aumentando o atendimento nas unidades básicas de saúde, você tem o Governo do Estado aumentando o número de leitos para internação por casos suspeitos e confirmados de Covid-19, é completamente incompatível com a tese de que temos imunidade de rebanho”, disse.

Confira a entrevista:

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