Para dar mais conforto a pacientes, ‘home care’ cresce e é opção de tratamento durante pandemia

Profissional de saúde realiza técnica em paciente com Covid-19 (Reprodução/ Internet)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O número de atendimentos e internações em unidades de saúde do Amazonas tem crescido por conta da situação da pandemia de Covid-19 no Estado. De acordo com o Governo do Estado, há 2.050 pacientes internados nas redes privada e pública, sendo 1.344 em leitos, 634 em UTI e 72 em sala vermelha – estrutura voltada à assistência temporária para estabilização de pacientes críticos/graves para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde.

Para evitar lotações e os riscos que as unidades de saúde podem oferecer, como infecções pelo novo coronavírus, e até mesmo não locomover um paciente que já está debilitado, alguns pacientes e seus familiares têm preferido ser atendidos por profissionais de saúde em suas residências, com o atendimento chamado “home care” ou “assistência/internação domiciliar”. Esse tipo de atendimento consiste em um conjunto de procedimentos hospitalares que têm a possibilidade de serem realizados na casa do paciente e contribuem direta ou indiretamente para a recuperação do paciente e o melhor acompanhamento da família.

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Foi essa a escolha da família do aposentado Paulo Nogueira Sobrinho, de 76 anos. O idoso foi infectado pelo novo coronavírus no início de janeiro e a atendimento médico-domiciliar foi uma escolha para continuar o tratamento das sequelas da doença após internação hospitalar. “Meu pai ficou internado por nove dias no Hospital 28 de Agosto pois estava com 70% de comprometimento dos pulmões. Ainda no hospital, optei por contratar uma fisioterapeuta para reforçar a recuperação do paciente e estamos dando continuidade ao atendimento em casa”, contou a bancária Giselle de Lima e Silva Nogueira, filha do aposentado.

Para o infectologista Nelson Barbosa da Silva que, além de atuar no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto e Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), também presta serviços de assistência médico-domiciliar, a lotação nos hospitais contribui muito para que a família escolha contratar os serviços de assistência domiciliar. “Com medo de deixar o seu parente na maca, os familiares preferem fazer o acompanhamento do seu familiar em casa, é claro que muitas vezes eles montam até um serviço de home care completo em suas casas”, afirmou.

Ainda segundo o médico, que está fazendo em média de quatro a cinco consultas domiciliares por dia, antes da pandemia o atendimento domiciliar estava mais restrito às pessoas acamadas. “Com o surgimento dessa pandemia e com essa nova cepa do novo coronavírus, nós vimos crescer o atendimento domiciliar em mais de 50%”, ressaltou o médico infectologista.

Cuidados no atendimento

O serviço de home care pode atender pacientes de diversas idades, gêneros e complexidades, em áreas como fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e internação domiciliar. Intervenções e procedimentos específicos, como realização de curativos complexos e fisioterapia respiratória, são alguns dos atendimentos realizados na assistência domiciliar e os cuidados devem ser os mesmos dos atendimentos nos hospitais. “Os cuidados têm que ser não só do profissional de saúde, mas da população para manter as medidas de segurança. O profissional de saúde vai usar o estetoscópio, o oxímetro, por exemplo, e tem que higienizar para quando ele for fazer um próximo atendimento não contaminar a outra pessoa e não haver a contaminação cruzada”, ressaltou o infectologista Nelson Barbosa.

Humanização no atendimento

A assistência médico-domiciliar possibilita ainda um contato maior entre o paciente e a família, permitindo que esta possa acompanhar de forma participativa a recuperação do paciente. Este tipo de atendimento também gera conforto e privacidade, livrando o paciente de deslocamentos incômodos e rotinas estressantes em ambiente hospitalar.

Para o médico Nelson Barbosa, o atendimento domiciliar gera mais humanização ao paciente por estar em casa, entre os familiares. “O profissional de saúde pode explicar a doença para os familiares e para o paciente, e reforçar as medidas de prevenção para todos os familiares. O paciente vai estar em casa, ao lado dos familiares, e rodeado do carinho da família”, lembrou o infectologista.

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