Pará e Amazonas lideram casos de violência política na Região Norte

MANAUS (AM) – O Pará e o Amazonas são os Estados da região Norte que mais tiveram casos de violência contra políticos entre o início da campanha eleitoral e o 1º turno das eleições municipais em 2024. Os dados são do levantamento “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, realizado pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global.

De acordo com a pesquisa, entre 16 de agosto e 6 de outubro, foram registrados 373 casos em todo o País. O estudo apontou que os casos de violência política no Pará chegaram a 16 ocorrências relatadas. Já no Amazonas, dez casos foram registrados. Os índices apontam para um crescimento em relação ao último pleito municipal. Em 2020, os dois Estados registraram 2 e 3 casos no 1º turno, respectivamente.

Um dos casos registrados no Amazonas ocorreu no município de Eirunepé, distante 1.160 quilômetros de Manaus. Em setembro deste ano, a então candidata à Prefeitura do município, professora Áurea (MDB), conseguiu na Justiça uma medida cautelar solicitada pelo Ministério Público Eleitoral contra parte da equipe do prefeito do município, Raylan Barroso (PT), do candidato a prefeito Anderson Araújo (PT), além do servidor municipal identificado como Aristeu Augusto Carneiro.

A denúncia feita por Áurea apontou que ela estaria sofrendo violência política de gênero, incluindo perseguições e intimidações por parte dos acusados, além da criação de um jingle que se referia à candidata de forma ofensiva.

A medida determinou que os suspeitos e pessoas ligadas a eles mantivessem qualquer tipo de contato com a vítima e permanência de 100 metros de distância dela até o fim do processo eleitoral. Além de escolta para garantir a segurança de Áurea e a instauração de um inquérito policial.

No Pará, um dos casos envolveu violência política de gênero. Em 1° de outubro, a candidata a vereadora de Belém Marinor Brito (PSol) expôs em suas redes sociais que vinha sofrendo ataques virtuais de cunho machista e misógino, de possíveis perfis fakes, que proferiam ameaças até mesmo contra sua vida.

Na época, Marinor informou que acionou as autoridades competentes e que em breve os responsáveis seriam responsabilizados. “A internet não é terra sem lei!”, disse.

Dados nacionais

A pesquisa apontou que 2024 já é o ano mais violento da política brasileira, com uma estimativa de ao menos sete pessoas vítimas por dia, e com maior intensidade nas vésperas do dia de votação do 1º turno. Em um panorama geral, as regiões com os maiores números de casos foram Nordeste, com 132 ocorrências; Sudeste, com 117; e Sul, com 51. Já entre os Estados destacam-se: São Paulo, com 50 registros; Rio de Janeiro, com 38; e Paraíba, com 24.

De acordo com a diretora-executiva da Justiça Global, há dois fatores que contribuíram para o aumento da violência política na campanha eleitoral. Ela apontou o acirramento entre os candidatos e também a intervenção de organizações criminosas “que representa ameaça preocupante à Democracia”.

“Temos observado uma tendência de maior violência nas eleições municipais, onde há um acirramento dentro das cidades que evidenciam as disputas locais. As notícias mostram também situações de intervenção de organizações criminosas no pleito eleitoral, que representa uma ameaça preocupante à democracia”, destacou.

Entre os tipos de violência registrados estão dez casos de assassinatos, 100 caos de atentados, 138 casos de ameaças, 54 casos de agressões, 51 casos de ofensas, 13 casos de criminalizações e sete casos de invasões. Entre eles, houve ainda registro de especificidades envolvendo raça, gênero e teor sexual:

• 15 ofensas e uma ameaça de cunho racista;
• 10 ameaças e 5 ofensas de cunho machista;
• 4 ofensas e uma ameaça de cunho homofóbico ou transfóbico;
• 1 caso de estupro; 
• 2 ameaças de estupro; 
• 3 vazamentos de vídeos íntimos (um deles de um candidato homem);
• 5 montagens com candidatas mulheres envolvendo nudez. 

Os três partidos cujos candidatos mais foram alvo de violência em todo o País são União Brasil – 46 casos; Partido dos Trabalhadores (PT) – 43 casos; e Partido Liberal (PL) – 35 casos.

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Editado por Jadson Lima