Pará é o Estado líder em queimadas no mês de outubro, aponta Inpe
Por: Daleth Oliveira
31 de outubro de 2023
Pará registrou mais de 11 mil focos de queimada no mês de outubro (Valter Campanato/Agência Brasil)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium Amazônia
BELÉM (PA) – Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o Estado do Pará é o campeão em queimadas no mês de outubro. Foram registrados 11.150 focos de queimada do dia 1° até o dia 31. O número representa quase 30% do total no Brasil no mesmo período – 39.099.
Atrás do Pará, estão outros Estados do Maranhão (4.280), Piauí (3.939), Amazonas (3.799) e Mato Grosso (3.265) na lista dos cinco com maiores focos de queimada.
Em nota, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), informou que monitora a ocorrência de queimadas e incêndios no Estado, fornecendo dados para atuação em campo do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil.
“Equipes em campo também combatem o desmatamento, por meio das operações Curupira e Amazônia Agora. O fenômeno El Niño tem feito o Pará enfrentar um período de poucas chuvas, que ocasiona a seca e estiagem dos rios“, diz o comunicado da Semas.
O Corpo de Bombeiros do Pará e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil afirmam que só neste mês de outubro, 1.021 focos de incêndio em vegetação foram apagados.
Pará também é campeão de 2023
O Pará também é o Estado com mais queimadas em 2023, considerando os dados do Inpe do dia 1° de janeiro ao dia 31 de outubro. Neste período, foram registrados 30.891 focos de queimada, 20% do total no Brasil – 15.0994.
Apesar de alto, o número de queimadas no Pará, neste ano, é inferior ao registrado no mesmo período de 2022, que bateu 35.034 focos.
Fumaça do Pará cobriu Manaus
O Governo do Amazonas declarou no último dia 27 que as queimadas do Pará têm afetado a população amazonense, principalmente, a Região Metropolitana de Manaus (RMM) que registrou fumaça no ar nas últimas semanas.
“Desde o dia 11 de setembro, forças ambientais e de segurança do Estado e governo federal reforçam as ações de combate na Região Metropolitana de Manaus (RMM). Entretanto, a fumaça sobre a cidade não depende, apenas, do controle da quantidade de focos em uma única localidade, podendo sofrer influência também de outros Estados“, diz o comunicado publicado nas redes sociais.
Segundo Kleber Ataíde, assessor técnico especializado do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as condições climáticas do mês de outubro influenciaram que as gotículas de fumaça do Pará chegassem à capital do Amazonas.
“Em anos de El Niño, o padrão de vento na Amazônia é alterado. Os ventos alísios que, normalmente, sopram de leste para oeste, ficam mais fracos ou até mesmo invertem a direção. Isso ocorre porque o aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que é um dos principais fatores do El Niño, altera a circulação atmosférica global“, explica o especialista.
Ventos de leste/nordeste levando fumaça da direita para a esquerda (Reprodução/Inmet)
Kleber explica ainda que, o padrão de circulação de ventos na região, no período de estiagem dos rios, é, inclusive, um fator importante para o aumento de focos de queimadas.
“Durante a estação seca, os ventos alísios podem inverter a direção, soprando de oeste para leste. Isso pode levar a um aumento dos ventos na Amazônia, o que pode contribuir para a propagação de incêndios florestais“, finaliza o técnico do Inmet.
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