Para evitar prejuízos na Páscoa, empresas apostam no ‘delivery’

Tradicionais ovos de Páscoa de colher têm sido a escolha dos consumidores (Divulgação/Instagram)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Depois do decreto de isolamento social, que exige o fechamento de estabelecimentos não essenciais, empresários têm apostado em entregas à domicílio para minimizar os prejuízo para o setor do comércio de chocolate e ovos de Páscoa no Amazonas. O presidente da Câmara Dirigente dos Lojistas de Manaus (CDL), Ralph Assayag, disse à Revista Cenarium que a queda nas vendas de ovos de Páscoa varia entre 50% a 60%, em relação ao mesmo período de 2019.

Segundo Assayag, a população tem procurado, preferencialmente, produtos de higiene pessoal e limpeza de casa para evitar o contágio do coronavírus.

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“Houve uma queda muito acentuada e muito preocupante. As lojas de supermercados e farmácias, por exemplo, estão seguindo todo o protocolo de cuidados, mas mesmo assim, as pessoas não estão saindo de casa”, afirmou.

Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM) informou à reportagem, através do presidente Aderson Frota, que a estimativa é que o estado sofra queda de 40% no faturamento deste ano.

A queda brusca de 40% no Amazonas, estimada pela Fecomércio-AM, representa 8,4% a mais do que o esperado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para a média no país, em relação a Páscoa do ano passado.

Para Frota, a perda nas vendas deve ocorrer, principalmente, devido às medidas restritivas para evitar aglomerações e pelo fato da população estar com medo de ser infectada pela doença.

“É claro que o comércio vai tentar se recuperar, porque vai fazer promoções. O comércio vai fazer uma série de concessões de tal maneira que não fique estocado produtos em fora de época. O certo é que a queda de vendas vai acontecer, pois é uma tendência da população. Mesmo sem dinheiro, preocupada com a falta de recursos, o consumidor está optando por produtos bem mais em conta, os mais baratos”, explicou Frota.

Varejo no AM tem queda de R$ 640 milhões

Conforme estudo da CNC, todo o varejo do estado teve uma queda no faturamento de R$ 630 milhões até o dia 7 de abril deste ano, apesar disso, o montante foi o menor entre as dez unidades federativas pesquisadas. No cenário nacional, o varejo perdeu o equivalente a R$ 53,3 bilhões no faturamento.

Varejo do Amazonas teve perda de R$ 630 milhões no faturamento – Fonte: CNC

Crise acentuada

De acordo com Ralph Assayag, com as lojas fechadas, os empresários conseguem, provavelmente, fazer somente o pagamento da folha salarial do mês de abril, mas não vão conseguir o mesmo feito no início de maio, deixando os trabalhadores desesperados.

“De acordo com nossa previsão, muitas e muitas lojas fecharão de vez, e esses funcionários não vão ter condições de receberem agora. Se for o caso, eles vão receber o seguro-desemprego que vai durar de 2, 3, 4 meses, depois não têm mais recursos”, disse Assayag à Cenarium.

Apostas do setor de Páscoa

Mas em meio à pandemia, empresários do setor de Páscoa no Amazonas precisaram se moldar para evitarem maiores prejuízos nas vendas. Supermercados e microempreendedores investiram nas soluções de alternativas para combater a crise econômica.

Há 22 anos no mercado, a empresa Bombons Finos da Amazônia, impondo um distanciamento entre os seus colaboradores para continuar a produção de ovos de Páscoa, apostou nas vendas por meio dos serviços on-line e do sistema de delivery, pelos telefones (92) 98458-5620 ou 3236-2610.

Uma das mais tradicionais redes de supermercados de Manaus, o DB Supermercados, também vem apostando na venda de ovos de Páscoa e chocolate, fazendo uma maior divulgação nas redes sociais para atrair o consumidor. O estabelecimento, no entanto, enfatiza que vem adotando medidas de proteção para os todos clientes e profissionais do DB.

Microempreendedores também modificaram suas formas de atendimento e também oferecem entrega à domicílio, como é o caso da Carla Reis, proprietária da Bolo Fit Carla Reis, que precisou contratar motoristas e passou a dar prioridade ao sistema delivery, mas que também realiza atendimento por meio de drive-thru na porta da loja.

“Minhas vendas sempre foram 70% entregas. Na quarentena, contratamos mais motoristas e passamos a dar prioridade para entregas. Esse ano nossa Páscoa não foi tão produtiva. Resolvemos não investir tão forte por causa do coronavírus, então estamos trabalhando com o que já temos em estoque”, disse Reis.

A empresária decidiu ter o próprio negócio em 2017 para não ficar longe da filha, que na época tinha de 8 meses de idade, além de querer ajudar o marido atleta com uma alimentação saudável.

“O cuidado em cada preparo sempre foi referência da nossa marca, então nossos clientes confiam no nosso trabalho e sabem que estamos tomando os devidos cuidados”, alertou.

Adaptações

A queda nas venda de Páscoa também afetou a microempresária Andrezza Cassiano, dona do Bolo de Pote da Dezza e do Bizu Fit Alimentação Saudável. Segundo ela, no entanto, o prejuízo não foi tão grande, pois ela conseguiu adaptar suas entregas com a rotina dos clientes.

Ovo de Páscoa de colher (Foto: Divulgação/Bolo de Pote da Dezza)

“Com a questão do coronavírus, as vendas diminuíram, mas não tanto eu esperava. Mas continuo trabalhando tranquilamente, mas diminui o ritmo das entregas. Antigamente, eu saia três a quatro vezes por dia para fazer as entregas, e hoje eu programo para fazer uma saída apenas, entregando todos os produtos em apenas uma rota. Dessa forma, todos acabam se prevenindo: eles, os clientes ao não saírem de casa, e eu, ao sair apenas uma vez”, destacou.

Os alimentos na loja de doces variam entre ovos de Páscoa de colher, bolos e brigadeiros, com preços de R$ 20 a R$ 30 para bolos caseiros, e de R$ 35 a R$ 50 para os ovos de colher.

A designer gráfico Josielle Valente, 32, dona da Joko Brigaderia, que já está no terceiro ano no comércio de Páscoa, disse que nunca trabalhou com delivery, mas que devido a quarentena, ela teve que se adaptar e aderir ao sistema. Em comparação com o ano passado, ela afirmou que teve uma queda de 40% no faturamento.

“A maioria dos clientes têm prezado o valor (dos ovos de Páscoa). Este ano, eles não estão focados no tamanho, mas no preço. Devido a isso, os ovos pequenos, mais baratos, estão sendo mais procurados”, finalizou.

Além do delivery, Valente afirmou que estendeu o cardápio de Páscoa até o mês de junho, pensando na questão financeira para que todos possam adquirir o ovo de colher.

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