Pará lidera mortes por intervenção policial na Região Norte, aponta Anuário
Por: Jefferson Ramos
29 de julho de 2025
MANAUS (AM) – O Pará é o Estado que mais registrou mortes por intervenção policial entre 2023 e 2024 na Região Norte do País. Em 2023, o Pará registrou 537 mortes. No ano passado, esse indicador subiu para 606. Os dados são do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na última quinta-feira, 24.
As mortes por intervenção da Polícia Civil e da Polícia Militar subiram quase 13% de 2023 para 2024. O Pará é seguido nesse ranking pelo Amapá. O Estado registrou 183 mortes em 2023. No ano seguinte, os casos subiram para 137. Mas, ao contrário do Pará, o Amapá registrou queda de 25% nas mortes que envolvem a polícia.
O Pará, sozinho, supera em 1.309% o registro de letalidade policial do Amazonas no mesmo período analisado. Os dados consideram mortes cometidas em expediente e fora de expediente. O Amazonas registrou 59 mortes em 2023. Outras 43 foram registradas no ano posterior. O Estado também teve queda de 43% nesse indicador.

A Polícia Militar do Pará utiliza câmeras corporais. Mas, são menos de mil policiais monitorados pelos equipamentos que são acionados remotamente pelo comando da instituição, segundo o governo paraense. Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam, ainda, que na última década as mortes por intervenção policial ultrapassaram 60 mil.
Enquanto os homicídios caem, o instituto aponta que a letalidade policial se mantém em um patamar alarmante e sugere que a escalada nas mortes pode ser influenciada por um processo de “milicianização” e o avanço da corrupção entre agentes de segurança.
“Esses números podem indicar o uso ilegítimo da força, especialmente quando acompanhados da normalização de operações policiais que sistematicamente resultam na morte de civis, somadas a discursos ideológicos que exaltam a letalidade como sinônimo de eficiência”, destaca um trecho do anuário.
A entidade reconhece que o uso da força letal faz parte da atuação das polícias, mas lembra que deve ser usado com legalidade, proporcionalidade e necessidade, além de severo controle externo dos Ministérios Públicos das corregedorias e controladorias.