Pará lidera risco de desmatamento em 2025, diz Imazon


Por: Fabyo Cruz

17 de dezembro de 2024
Desmatamento no Pará (Reprodução/Arquivo/Agência Pará)
Desmatamento no Pará (Reprodução/Arquivo/Agência Pará)

BELÉM (PA) – O Pará lidera o ranking de áreas sob risco de desmatamento na Amazônia para 2025, com 35% de todo o território ameaçado, segundo dados da plataforma de inteligência artificial PrevisIA, desenvolvida pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Se as áreas mais vulneráveis não forem protegidas, estima-se que 6.531 km² de floresta amazônica sejam destruídos no próximo ano, um aumento de 4% em relação a 2024.

Amazonas e Mato Grosso aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente, com 20% e 17%. Pará, Amazonas e Mato Grosso concentram juntos 72% de todo o território ameaçado na Amazônia Legal. Para 2025, o Pará apresenta uma redução nas áreas sob risco em relação ao ano anterior, mas ainda ocupa posição central nas ações de combate à destruição florestal.

Dados da plataforma de inteligência artificial PrevisIA (Imazon)

Além disso, o Estado possui os territórios mais vulneráveis, como a Terra Indígena (TI) Kayapó, classificada pela PrevisIA como a mais ameaçada em 2025, com risco de desmatamento equivalente a 2,5 mil campos de futebol. No ano anterior, a Terra Indígena Apyterewa, também no Pará, ocupava essa posição. Apesar de uma operação para retirada de invasores, o território segue em segundo lugar no ranking de áreas ameaçadas.

Outro destaque é a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no sudeste do Estado, que permanece como a unidade de conservação mais ameaçada da Amazônia pelo quarto ano consecutivo. Segundo a PrevisIA, o risco de desmatamento nessa área para 2025 equivale a quase 10 mil campos de futebol.

Alerta

Embora a estimativa de 6.531 km² de floresta sob ameaça seja alarmante, os pesquisadores do Imazon alertam que os dados podem ser conservadores. Isso porque o modelo da PrevisIA não incorporou o aumento expressivo de desmatamento e queimadas registrado após o fechamento do calendário oficial do Prodes, em julho de 2024. Apenas entre agosto e outubro de 2024, 1.628 km² já foram devastados na Amazônia, o que representa 25% da previsão para o próximo ano.

“Se atuarmos para proteger as áreas indicadas pela PrevisIA sob risco muito alto, alto ou moderado de desmatamento, poderemos reduzir ainda mais a derrubada da Amazônia em 2025 e avançar em direção à meta de desmatamento zero em 2030. Ação essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e mitigar os efeitos das mudanças climáticas que já estão nos afetando seriamente, como as cheias no Rio Grande do Sul e as secas na Amazônia. Precisamos usar essa tecnologia a favor da floresta”, afirma o pesquisador do Imazon e coordenador da PrevisIA, Carlos Souza Jr.

PrevisIA

A PrevisIA é uma ferramenta lançada em 2021 pelo Imazon, em parceria com a Microsoft e o Fundo Vale, para apoiar estratégias de combate ao desmatamento. No Pará, os dados gerados pela plataforma são utilizados pelo Ministério Público do Estado do Pará (MP-PA) para planejar ações preventivas.

Entre as iniciativas previstas está o envio de informações sobre áreas de risco muito alto e alto, que possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), aos órgãos ambientais e aos próprios responsáveis por essas áreas. O objetivo é aumentar o rigor na fiscalização e evitar o desmatamento, além de responsabilizar aqueles que não cumprirem as exigências ambientais.

“Além de poder ajudar na estratégia nacional de combate ao desmatamento, a PrevisIA também pode auxiliar os governos estaduais e municipais a protegerem suas florestas, já que oferece um mapa das áreas de risco inclusive com informações de estradas e de Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos”, diz Carlos.

Leia mais: Pará tem 57% áreas de floresta degradadas na Amazônia em setembro

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