Para manter casa e trabalho social, humorista ‘Jujubinha’ luta contra cheia histórica de Manaus

Com a casa prestes a ser inundada, Marcilene pede ajuda nas redes sociais (Arquivo Pessoal/Reprodução)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Marcilene Silva dos Santos é intérprete da personagem “Jujubinha” e há 12 anos trabalha como humorista, visitando crianças e adultos que lutam pela vida em hospitais. A manauara batalhadora, mora em uma casa de palafita no igarapé de São Vicente, no Centro de Manaus, também enfrenta a incerteza de perder a única moradia, inundada pelo rio Negro. Na residência de Marcilene, a água que estava a poucos centímetros de chegar ao chão, ultrapassou o piso de madeira e está prestes a alcançar a cama, onde ela dorme com as filhas.

A mulher de 39 anos ganha o pão de cada dia, por meio do sorriso do próximo e, atualmente, se vê desesperada por não poder continuar o trabalho social, por conta da falta de material necessário para ajudar no sustento da iniciativa voluntária. “A água está subindo”, diz ela, sobre a rápida e terrível subida do rio Negro, cuja cota atingiu nesta quinta-feira, 20, a marca de 29,81 metros – a 2ª maior cheia da história, ficando a apenas 16 centímetros da cota histórica de 29,97 metros registrada em 2012.

Motivação

Palhaça Jujubinha, como assim a chamam carinhosamente por conta da personagem icônica e adorável do mundo circense, surgiu em meados de 2009, quando Marcilene e a família passava por um momento conturbado devido à internação da filha que, na época, tinha cinco anos e estava acamada em uma unidade de saúde pública da capital. Aguerrida, ela não se intimidou e foi em busca de recursos financeiros para ajudar a filha.

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Palhaça Jujubinha trabalha voluntariamente em hospitais (Arquivo Pessoal/Reprodução)

A menina havia sofrido um acidente e precisou passar por uma cirurgia. Para ajudar a criança, no entanto, era preciso de materiais básicos, além dos medicamentos recomendados pelos profissionais de saúde. Marcilene, no entanto, estava desempregada e não podia comprar um simples utensílio para a filha. Foi então que uma enfermeira a ajudou com a pequena, que pôde ser cuidada e logo se recuperou, fazendo com que Marcilene visse a importância do ato voluntário de amparar o desconhecido.

“Fiz um voto para Deus. Uma promessa de que eu passaria a ajudar os internados, crianças e adultos que estão nos hospitais. Me tornei na Palhaça Jujubinha. Para isso, como eu estava desempregada, passei a trabalhar com comida, vendas. Foi assim por todos esses anos. Meu sonho é ter um carrinho de fazer churrasco e continuar com as vendas”, conta.

Não tenho para onde ir’

A cheia do rio que banha Manaus já invade a casa de Marcilene. Ela mora na rua José Frei dos Inocentes, em uma área considerada de risco. No local, o matagal flutua em meio à imensidão de água e poluição. À medida que a água sobe, a moradia de Jujubinha fica cada vez mais alagada. O medo, além enchente, é da aproximação de jacarés e animais peçonhentos.

“Estou praticamente ilhada dentro da minha própria casa. É humilde, mas é nossa. Foi a casa que Deus me deu e me abençoou. Tenho criança pequena. A gente perdeu tudo, minha geladeira queimou, perdi fogão, perdi cama, foi tudo para o lixo. Daqui eu não tenho para onde ir”, salientou, emocionada.

A temporada de chuvas na capital também é uma preocupação para Marcilene. Por conta de um temporal entre sábado, 15, e domingo, 16, a pequena residência de madeira em que ela vive com a família ficou inundada. “Está complicado nossa situação. Estou perdendo todas as minhas coisas que comprei com muito suor, com muito sacrifício. Faço um apelo, peço ajuda ao poder público”, desabafa, em pedido de ajuda.

Auxílio

Nessa segunda-feira, 17, a Prefeitura de Manaus iniciou a construção de pontes de madeira no Centro da capital que, desde domingo, está alagado. O Executivo Municipal também anunciou medidas para ajudar as famílias atingidas pela enchente que, ao longo da semana, devem receber cestas básicas, kits de higiene e de dormitórios. A ajuda humanitária será para as famílias dos 15 bairros atingidos pela cheia do rio Negro.

Cheia no Amazonas

No Amazonas, a enchente já afeta mais de 408 mil pessoas. Segundo dados da Defesa Civil Estadual, atualizados no sábado, 15, ao todo 25 municípios já decretaram situação de emergência por conta da cheia, sendo que 18 estão em situação de transbordamento, nove em alerta e dois em atenção.

A subida extrema do rio é consequência das chuvas intensas registradas nos meses de janeiro e fevereiro em toda a bacia amazonense, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM). No Estado, Anamã é um dos municípios mais atingidos. A cidade que está a 209 quilômetros de Manaus tem quase toda sua extensão territorial debaixo da água do rio Solimões.

Como ajudar?

Para conseguir ajuda, Jujubinha tem se mobilizado nas redes sociais e pedido doações de móveis ou em dinheiro, disponibilizando a conta bancária ou ainda pelo código para transferência via PIX: (92) 98201-9918.

Banco – Caixa Econômica Federal
Operação: 013
Conta Poupança: 00087912-6

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