Pará reduz desmatamento, mas ainda tem maior área devastada da Amazônia, diz Ipam


Por: Fabyo Cruz

09 de setembro de 2025
Pará reduz desmatamento, mas ainda tem maior área devastada da Amazônia, diz Ipam
Em 2024, o Pará concentrou 37% de toda a área desmatada da Amazônia (Foto: Vinícius Mendonça/Ibama)

BELÉM (PA) – O Pará registrou a maior redução absoluta do desmatamento na Amazônia entre 2022 e 2024, mas ainda mantém a liderança nos números da devastação florestal. A conclusão é de uma nota técnica divulgada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), no dia 5 de setembro.

De acordo com o estudo, o Estado foi responsável por 36% da queda no desmatamento do bioma, o equivalente a 2.273 km² de floresta a menos destruídos no período. A redução corresponde a 50% em relação a anos anteriores e coloca o Pará à frente do Amazonas, que respondeu por 30% da queda. Rondônia (17%), Mato Grosso (11%) e Acre (9%) completam a lista dos que mais reduziram.

Apesar do avanço, os dados revelam uma contradição. Em 2024, o Pará concentrou 37% de toda a área desmatada da Amazônia, um total de 2.255 km². Mesmo com índices em queda, o Estado que vai sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, em novembro, permanece no topo do ranking da destruição, seguido por Mato Grosso (21%) e Amazonas (18%).

Estados que mais reduziram desmatamento na Amazônia entre 2022 e 2024 (Foto: Reprodução/Ipam)
Rodovias

Segundo o Ipam, a redução verificada no Pará e em outros Estados está ligada ao aumento da fiscalização nos últimos dois anos, especialmente em áreas conhecidas como “novo arco do desmatamento”, que vai do Acre e Amazonas até o Pará. O relatório destaca que as maiores quedas ocorreram em regiões de fácil acesso, próximas a rodovias como a Transamazônica (BR-230), a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a Porto Velho-Manaus (BR-319).

No Pará, municípios como Pacajá, Anapu, Novo Progresso e Castelo dos Sonhos apresentaram recuos significativos. O mesmo ocorreu em cidades do Sul do Amazonas, como Lábrea e Apuí. Para a pesquisa, as estradas são fatores que tanto impulsionam o desmatamento quanto permitem maior eficácia da fiscalização.

Queda do desmatamento nas rodovias (Foto: Reprodução/Ipam)
Novos focos

O estudo aponta ainda que Áreas Protegidas e Terras Públicas Não Destinadas tiveram papel “crucial” na contenção do desmatamento. Em contrapartida, Estados como Roraima, Maranhão e Amapá registraram aumento da devastação, fenômeno associado a incêndios florestais, principalmente entre 2023 e 2024, período de uma das secas mais severas já registradas na Amazônia.

No Pará, a pressão permanece concentrada no Centro-Sul e na chamada “Terra do Meio”, enquanto a Região Norte segue relativamente preservada. De acordo com a análise, o histórico do Estado ajuda a explicar os números: a abertura de rodovias nas últimas décadas ampliou o acesso a áreas antes isoladas, acelerando o avanço da fronteira do desmatamento.

Embora o Pará tenha alcançado a maior redução do período, o volume de floresta derrubada mostra que ainda há desafios consideráveis para conter a destruição. O tamanho do Estado e a vasta extensão de áreas florestais explicam, em parte, por que o território continua no centro da pressão ambiental.

Prodes

A pesquisa utilizou dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que reúne informações consolidadas de desmatamento até julho de 2024. O período considerado representa a área bruta desmatada anualmente entre agosto do ano anterior e julho do ano subsequente, e não a taxa anual de desmatamento.

As informações geográficas utilizadas correspondem apenas ao bioma amazônico, desconsiderando as porções de Cerrado e Pantanal presentes em Estados da Amazônia Legal.

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