‘Para ser pátria amada não pode ser pátria armada’, diz arcebispo de Aparecida durante missa da padroeira do Brasil

Dom Orlando Brandes durante a celebração a Nossa Senhora Aparecida (Marcos Corrêa/PR)

Com informações do Infoglobo

APARECIDA (SP) – O arcebispo de Aparecida, cidade a 176 quilômetros de São Paulo, dom Orlando Brandes, defendeu na homilia da missa das 9h que “para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. O arcebispo rezou a principal missa do dia no Santuário Nacional de Aparecida, em homenagem à padroeira do Brasil, cujo dia é comemorado nesta terça-feira, 12. Questionado por jornalistas se o sermão era um recado para o presidente Jair Bolsonaro, que defende o armamento da população, Brandes disse que o sermão era uma mensagem “para todos os brasileiros”.

“Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira”, afirmou o religioso durante o sermão, segundo o G1.

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Brandes lamentou ainda as mais de 600 mil mortes por Covid-19 e defendeu a vacina e a ciência.

“Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro”, discursou o arcebispo.

O arcebispo citou também a fome, que atinge a parte mais pobre da população brasileira, lembrando que são frequentes as imagens de pessoas buscando ossos pra se alimentar. Brandes pediu união.

“Quero pedir que cada um de nós abrace o Brasil. Abrace o nosso povo. A começar pelo povo mais original, vamos abraçar os nossos índios, primeiro povo dessa terra. Vamos abraçar os negros, que logo vieram fazer parte desta terra. Vamos abraçar os europeus que aqui chegaram”, disse o religioso.

Os ministros da Cidadania, João Roma, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, acompanharam a cerimônia.

“Respeitamos as autoridades mesmo discordando e falamos com a doutrina da igreja. Nós estamos quebrando a aliança com o ódio e a corrupção e para confirmarmos a nossa República e a democracia”, concluiu.

Embora não seja considerado da ala mais progressista da Igreja Católica, os sermões do arcebipo de Aparecida costumam trazer críticas aos problemas enfrentados pelo País. No ano passado, dom Orlando Brandes criticou a volta da impunidade e também as queimadas em biomas como Amazônia e Pantanal.

Já em 2019, o sermão do religioso criticou o “dragão do tradicionalismo”. Ele disse que a “direita é violenta e injusta”.

As celebrações no Santuário acontecem presencialmente depois de terem sido interrompidas no feriado do ano passado por conta da pandemia, mas com público reduzido. Apenas 2,5 mil pessoas podem assistir às missas na igreja, que tem capacidade para 35 mil fiéis. Por isso, serão rezadas 14 missas nesta terça-feira, 12, para que mais pessoas possam participar. O uso de máscara no Santuário é obrigatório, assim como o distanciamento.

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