Patrimônios culturais da Amazônia: eventos seguem indefinidos pela pandemia

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS/BÉLEM – Duas das maiores festas do Brasil estão sob risco de não acontecer. O Círio de Nazaré, em Belém (PA) e o Festival Folclórico de Parintins (AM) seguem indefinidos. Ambos têm valor inestimável para a cultura, economia e turismo de seus respectivos Estados.

No amazonas a decisão está nas mãos do Governador Wilson Lima (PSC) e no Pará, caberá ao Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, decidir o destino do tradicional cortejo religioso.

Coordenador geral do Círio de Nazaré, o advogado Albano Martins, comentou a possível e dura decisão de cancelar o evento religioso. “São 228 anos de Círio, uma tradição enraizada no coração do povo paraense, é muito triste”, lamentou.

Segundo ele, caberá ao Arcebispo anunciar o “sim ou não”, em breve. “Dom Alberto deverá fazer o anúncio no começo do mês de agosto. Esta será a primeira vez, que isso ocorrerá. Ainda assim, a diocese fará de tudo para homenagear ainda que de forma virtual, Nossa Senhora de Nazaré”, enalteceu.

Albano que lidera uma verdadeira força-tarefa no biênio 2020/2022, para organizar um evento que reúne dois milhões de pessoas pelas ruas da grande Belém, adiantou que caso cancelado, será um fato inédito, mas, que a fé do povo do Pará é maior.

Festival de Parintins

Enquanto em Belém fica cada vez mais clara a não realização do Círio de Nazaré, em Manaus, seguem as pressões pela realização do Festival Folclórico de Parintins. Apesar de acontecer no município de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus), é na capital do Amazonas que se concentram as empresas e órgãos que podem decidir sobre o evento.

Amazonastur, a Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (SEC), Amazon Best (comercialização dos ingressos), aguardam a decisão do Governado Wilson Lima (PSC).

A decisão solitária do gestor do Estado se deve por fatores jurídicos, administrativos e estruturais. O Estado é parceiro do evento, e nenhum dos órgãos se arrisca em oficializar uma data.

Somente os presidentes dos Bumbás Garantido e Caprichoso emitiram comunicado anunciando os dias 6, 7 e 8 de novembro como nova data do evento. A data oficial é sempre o último final de semana de junho.

“Estamos realmente aguardando a posição do governador. Ainda assim, a nova data sofre com contestações como a da Defensoria Pública, que está exigindo das associações folclóricas (Garantido e Caprichoso), um estudo de viabilidade sanitária, sobre a data remarcada”, observou o titular da SEC, Marcos Apolo Muniz.

Segundo fonte extraoficial, ao final de julho, o governador do Amazonas irá se pronunciar oficialmente sobre a realização ou não, do Festival Folclórico de Parintins.

Quebradeira cultural

Na esteira das manifestações culturais como o Círio de Belém e o Festival Folclórico de Parintins, outros eventos de médio porte, também sucumbiram ou estão suspensos.

São eles: Ciranda de Manacapuru (AM) oficialmente cancelada, Festa do Çairé em Santarém (PA), oficialmente cancelada, Festribal – Festa das Tribos de Juruti (PA) oficialmente cancelada. Festival da Canção de Itacoatiara (Fecani), oficialmente cancelado.

Todos os eventos acima elencados formam uma cadeia produtiva e empregatícia na região amazônica. Todos em maior ou menor grau, deixaram as economias dos municípios comprometidas e centenas de desempregados por conta da não realização.

(*) Colaboração Jornalistas & Companhia de Belém/PA