Pazuello afirma que foi informado no dia 10 de janeiro sobre falta de oxigênio em Manaus; senador desmente o ex-ministro

Depoimento do ex-ministro foi transferido para esta quinta-feira, 19, por causa de Votação no Senado. (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse que só foi avisado da falta de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro. A crise no sistema de Saúde do Amazonas é uma das linhas de investigação da CPI. Um ofício encaminhado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que o Ministério da Saúde foi avisado sobre a falta do insumo no dia 7 de janeiro, seis dias antes do sistema entrar em colapso.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ter em mãos o documento oficial do ministério que contraria a versão dada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello em seu depoimento. “Esse documento que foi uma resposta do Ministério da Saúde, a um deputado federal. Não sou eu que estou inventando. Faltar a verdade e tentar digenciar as perguntas não será bom a ninguém”, disse Aziz.

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Omar Aziz ainda lembrou Pazuello que o documento menciona que o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), teria alertado no dia 7 de janeiro a respeito da falta de oxigênio. Em seu depoimento, Pazuello afirmou que apenas teve conhecimento da situação na noite do dia 10, em conversa com o governador Wilson Lima. Questionado sobre se soubesse antes o ex-ministro respondeu: “Se tivéssemos sabido antes, poderíamos ter agido antes”, disse Pazuello.

“Quando nós fomos em Manaus, a situação não estava boa. Eu acredito que as medidas possíveis a partir do dia 10 foram todas executadas. Com relação à situação específica do Amazonas em termos de logística, e o tempo de resposta, a partir de acionamento da Força Área, Marinha e Civis, em quatro dias e cinco dias, nós já estávamos com o nível do estoque restabelecido”, informou o ex-ministro.  

Sessão adiada

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello passou mal durante intervalo da CPI da Pandemia e a sessão foi suspensa. O senador Oto Alencar, que é médico, contou que Pazuello teve síndrome vasovagal, por ficar tanto tempo sentado. Foram cerca de seis horas de depoimento. Segundo Oto, o ex-ministro estava pálido e tonto e precisou deitar em um sofá para se recuperar.

“Deitamos ele no sofá. Se recuperou. Até poderia retomar o depoimento. Ele pode fazer o esporte que quiser, isso é muito comum. Acontece com quem está muito nervoso, emocionado e fica muito tempo sentado”, afirmou.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a sessão que será retomada na quinta-feira, às 9h30. Ele justificou a decisão em razão da reunião no plenário do Senado, que impede a CPI de ser realizada, e porque ainda há 23 senadores inscritos para falar. O plano original era retomar a sessão ainda hoje após o fim da reunião do plenário.

Sistema em colapso

Em janeiro, o consumo de oxigênio em Manaus triplicou por causa do aumento de internações e casos da doença, antes em dezembro o consumo era de 35 mil metros cúbicos de oxigênio, em janeiro passou para 76,5 mil metros cúbicos.

Com a situação alarmante, o Amazonas passou a enviar pacientes para receber atendimento em outros Estados. Mais de 500 pacientes foram transferidos, o transporte dos passageiros foi feito em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), que foram adaptadas para levar os doentes.

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