PC de Roraima encerra buscas em cemitério clandestino após encontrar 9 corpos
Por: Ian Vitor Freitas
24 de janeiro de 2025
BOA VISTA (RR) – Depois de três dias de buscas, a Polícia Civil de Roraima (PC-RR) encerrou nesta quinta-feira, 23, as atividades na região de mata na divisa dos bairros Pricumã e Cinturão Verde, que ficou conhecida como cemitério clandestino. No total, foram nove corpos encontrados no local, supostamente vítimas de uma organização criminosa da Venezuela.
Apesar do encerramento das buscas, as investigações continuam com Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), que apura a identificação das vítimas e as circunstâncias dos homicídios, e com a Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco), que investiga as possíveis conexões com organizações criminosas. Toda a operação contou com diversos órgãos de segurança pública de Roraima.

As investigações iniciaram no último dia 20, quando a Polícia Militar de Roraima (PM-RR), abordar um homem, de 29 anos, que informou que estava fugindo de um grupo criminoso. Ele mostrou para os policiais a localização dos corpos, na Rua Três Marias, que fica na área de mata. Com as buscas, as equipes acharam, junto com a PC-RR, os cinco primeiros corpos.
Na quarta-feira, 22, as equipes continuaram a varredura, que resultou na localização de ossadas de mais quatro pessoas. Os restos mortais estavam dentro de uma manilha concretada, em uma área de difícil acesso, o que exigiu uso de máquinas pesadas para a retirada dos corpos.

Na operação, houve também a prisão de duas pessoas de nacionalidade venezuelana, W. J H. L, de 29 anos, e J. G. C. C., de 27 anos. Os dois foram apresentados em Audiência de Custódia e a Justiça homologou a prisão em flagrante, convertendo-a em prisão preventiva. Ambos foram apresentados no Sistema Prisional.
De acordo com o delegado da DGH, Luís Fernando, responsável por lavrar o Auto de Prisão em Flagrante, as investigações tomam outros destinos a partir das prisões.

“Seguimos as investigações agora no sentido de identificar as vítimas, os autores dos crimes e as circunstâncias das mortes. Além disso, é importante destacar, que a DGH está realizando diligências para qualificar os demais integrantes do grupo criminoso que participaram da ocultação”, disse.
Investigações do caso
Para o delegado Wesley Costa de Oliveira, titular da Draco, a próxima etapa é mapear as possíveis conexões entre os suspeitos presos e atividades de organizações criminosas.
“As buscas no terreno foram concluídas após uma varredura completa, mas o trabalho da Polícia Civil está longe de terminar. Estamos empenhados em identificar todas as vítimas, responsabilizar os envolvidos e entender se há uma relação direta com organizações criminosas. Não descartamos novas operações em outras localidades, sempre com base em informações concretas e levantamentos prévios. Nossa meta é trazer respostas para esses casos”, destacou o delegado.
Segunda a PC-RR, até o momento nenhuma das vítimas foi identificada. As equipes estão realizando análises para estimar idade, altura e sexo das vítimas, etapas essenciais para o avanço da investigação.
Por conta dos diferentes estados de decomposição ou esqueletização dos corpos, a identificação ficou mais difícil de ser realizada, principalmente pela ausência de documentação que pudesse auxiliar no procedimento.
Por fim, a PC-RR destaca que o trabalho pericial é uma atividade técnica e minuciosa, que demanda tempo e precisão. Para auxiliar na identificação, a Instituição solicita que famílias com pessoas desaparecidas procurem o IML, portando documentos pessoais, exames odontológicos ou outros materiais que possam colaborar com o processo de identificação.