Pedidos de vagas de UTI para Covid-19 via Defensoria disparam

No dia 22 de março, Clarinda dos Santos chegou ofegante à recepção do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, na zona Norte (Reprodução/G1)

Com informações do O Globo

RIO DE JANEIRO – No dia 22 de março, Clarinda dos Santos chegou ofegante à recepção do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, na zona Norte. Hipertensa e cardiopata, a aposentada de 74 anos já vinha lutando contra sintomas da Covid-19, dor no corpo, cansaço extremo e febre alta, há cerca de sete dias. Na triagem, segundo a filha Adriana dos Santos, enfermeira da linha de frente, o oxímetro marcou 85% de saturação, e a tomografia mostrou 70% dos pulmões tomados.

A mãe precisava de um leito. A espera dela, no entanto, não durou um dia, tempo estimado pelo Estado para se obter uma vaga de UTI, nem dois, nem três. Intubada de improviso e com quadro de falência renal, Clarinda só foi levada para o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, após uma liminar da Justiça, descumprida, e uma queixa policial. Foi uma longa semana para a família.

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Foram dias muito difíceis, muito pesados. Tive que recolher laudos médicos duas vezes para obter um leito. O médico do Francisco da Silva Telles me atendeu muito mal. Por ser enfermeira, conduzi as conversas e descobri que minha mãe estava chegando à falência renal, desabafa Adriana.

Casos como o de Clarinda têm chegado cada vez mais à Defensoria Pública do Estado. De 189 ações registradas pelo plantão noturno do órgão em fevereiro, 176 eram relacionadas à saúde, e 19, especificamente à Covid-19. Até a última terça-feira, março já somava 240 ações, das quais 68 eram sobre a doença, entre outras questões de saúde. Em um mês, a alta de pedidos de socorro à Justiça foi de 284%.

Às vezes, o parente aciona a Defensoria de manhã e, até ele conseguir o laudo médico, já é noite. Esse também é um dos motivos por que o plantão noturno em geral tem uma demanda maior de pedidos relativos à Covid-19 do que o diurno, diz a coordenadora do plantão noturno da Defensoria Pública, Isabel Fonseca.

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