Pequenos agricultores de Mato Grosso trocam experiências sobre comercialização na Bahia
14 de agosto de 2024

Davi Vittorazzi — Da Cenarium
CUIABÁ (MT) — Um grupo de pequenos produtores que integram a Rede Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense (Repoama) participaram, na última semana, de um intercâmbio no município de Irecê, na Bahia, para aprender técnicas de comercialização.
No Estado baiano, a iniciativa escolhida para troca de experiências foi o Núcleo Raízes do Sertão da Rede de Agroecologia Povos da Mata, um Organismo Participativo de Avaliação de Conformidade Orgânica (Opac), criado em 2016 a partir da integração entre agricultores, indígenas e quilombolas.
O presidente da Cooperativa dos Produtores Hortifrutigranjeiros de Paranaíta (Coopervila), de Mato Grosso, Sulivan da Silva, frisou que durante a viagem teve experiências técnicas que até então nunca tinha visto em 13 anos de atuação no mercado.
“A gente viu que mesmo de forma orgânica é possível produzir em uma escala maior, utilizando os recursos naturais da própria propriedade. A parte da comercialização a gente também tirou muito aprendizado, então a gente vem de lá com a intenção de colocar em prática tudo o que a gente viu”, disse.

Também agricultora, a indígena Janice Tsari Rikbaktatsa, do povo Rikbaktsa, conta que o extrativismo da castanha do Brasil é a principal atividade em sua terra indígena. Ela pontuou que tudo o que aprendeu em Irecê será útil para o seu povo. “O que mais me chamou a atenção foi a união deles. A união deles fortalece muito. Essa questão de cuidado com o outro, das histórias que eles contaram para a gente. Então é isso o que eu quero colocar e prática na minha comunidade”, detalha.
A viagem promovida pelo Instituto Centro de Vida (ICV), com financiamento da União Europeia, teve objetivo de fazer trocas e melhorar as técnicas de comercialização. A técnica socioambiental do ICV, Aline Veras, explica que rede está em uma etapa em que precisa criar mecanismos para que a sua produção orgânica chegue até o consumidor final e aos mercados privados e institucionais.
“A rede vem passando por vários processos. Primeiro, tivemos o credenciamento como Sistema Participativo de Garantia (SPG) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Depois, tivemos a primeira rodada de certificação. Agora, a gente precisa pensar como comercializar esses produtos”, disse.
Rede Repoama
Atualmente com cerca de 50 famílias integrantes, a Repoama foi criada em 2019 por meio da união de agricultores e agricultoras familiares da região norte de Mato Grosso. Depois de um longo processo, a rede foi credenciada em 2023 como SPG pelo Mapa.
Por meio dessa modalidade, os próprios agricultores são capazes de fiscalizar as propriedades dos participantes da rede para verificar se elas estão ou não em conformidade com o que manda a legislação orgânica. Em caso positivo, eles recebem o certificado. As famílias que fazem parte da rede moram nos municípios de Alta Floresta, Paranaíta, Nova Bandeirantes, Nova Monte Verde, Cotriguaçu, Colniza e Carlinda.