Perfil de quem foi ao 7 de Setembro na Paulista: alta renda, intervenção militar e desconfiança das urnas
08 de setembro de 2022

SÃO PAULO – Com tempo chuvoso e frio, manifestantes ocuparam dez quarteirões da Avenida Paulista para apoiar o presidente e candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, enquanto comemoravam o Bicentenário da Independência. Assim como fizeram em Copacabana, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) foram ao ato, que reuniu 32 mil pessoas, para fazer uma pesquisa quantitativa de opinião e perfil sociodemográfico.
Das 575 pessoas entrevistadas que enfrentaram o mau tempo para homenagear Bolsonaro e seu governo, 68% são favoráveis a uma “intervenção militar constitucional se as eleições forem fraudadas”, contra 25% que rejeitam essa ideia. No público da Paulista, 72% não confiam nas urnas eletrônicas, contra 15% que votam nas máquinas sem problemas e 12% que afirmam não saber.
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Mesmo separadas por exatos 442 quilômetros de carro, as manifestações na Paulista e na Praia de Copacabana tiveram, estatisticamente, a mesma proporção de respostas sobre intervenção militar e urnas, com opiniões idênticas. O público branco, que já era maioria em Copacabana (51%), era mais branco em São Paulo: 62%. Pardos somaram 27%; pretos, 6% e outras cores, 4%.
Entre 13h30 e 16h, pesquisadores do Monitor do Debate Político, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, fizeram as entrevistas distribuídas, proporcionalmente, ao longo da Paulista, sob a coordenação dos pesquisadores Pablo Ortellado e Marcio Moreto, da USP, e José Szwako, da Uerj, com assistência de Girliani Martins (USP) e Gustavo Bianchini (USP).
Outra leve diferença foi que, na Paulista, a idade média foi de 47 anos, contra os 50 de Copacabana. Em relação ao o público da Atlântica, chama também a atenção uma intolerância um pouco menos intensa contra petistas em São Paulo.
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Em uma escala de zero a dez, na qual zero é desgostar muito e dez é gostar muito, de petistas, o Rio teve média de 1,7. Já em São Paulo, a média foi levemente maior: 2,36, com 33% posicionando o PT entre as notas 3 e 7. Como era de se esperar, a imensa maioria se diz de direita (83%) em São Paulo e muito conservadora (80%).
Antipetismo predomina
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Mas mesmo com a distância e amostras totalmente diferentes de pessoas, estatisticamente a mesma proporção de pessoas diz ser “muito antipetista” (78%) contra 10% de um “pouco antipetista” e 10% de “nada antipetista”.
Assim como no Rio, a maioria cursou ensino superior (65%) e 44% ganham mais de cinco salários mínimos. Somente 8% ganha até dois, o que dá um caráter de manifestação de classe média e alta ao ato da Paulista.
Diferentemente do cenário nacional, no qual Bolsonaro perde para Lula entre católicos, em São Paulo eram 49% católicos e 25% evangélicos apoiando o presidente na Avenida Paulista.