Pescadores querem flexibilizar PL que proíbe pesca de tucunaré em RR


Por: Ian Vitor Freitas

08 de novembro de 2024
Tucunarés pescados (Reprodução/Redes Sociais)
Tucunarés pescados (Reprodução/Redes Sociais)

BOA VISTA (RR) – Pescadores artesanais e esportivos apresentaram demandas ao Projeto de Lei nº 167/2024, do Governo de Roraima, que propõe a prorrogação, por dez anos, da proibição da pesca comercial e amadora do tucunaré nos rios Água Boa do Univini, Itapará, Xeruini e Jufari, com exceções para pesca esportiva e de subsistência dos ribeirinhos. As reinvindicações aconteceram durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), nessa quinta-feira, 8, com cerca de 600 participantes.

De acordo com o texto do PL, a iniciativa visa a recuperação socioambiental e econômica diante da crise ambiental relacionada ao fenômeno El Niño, que causou graves interferências nos ecossistemas, como o baixo volume de água das chuvas e os incontáveis focos de incêndio. O Poder Executivo ressalta que a medida é importante para preservar o peixe tucunaré, que teve sua espécie reduzida por conta da crise.

O representante da Associação dos Moradores de Cachoeirinha, Junior Morais, defendeu o turismo esportivo e criticou a falta de políticas públicas na região. “O Baixo Rio Branco é uma área estratégica, com grande potencial econômico, especialmente para o turismo esportivo, que movimenta a economia local. Precisamos de apoio público, pois as iniciativas de agricultura familiar e criação de peixes ainda não chegam até nós”, ressaltou.

O representante da Associação dos Moradores de Cachoeirinha, Junior Morais (Ascom/ALE-RR)

Para os pescadores esportivos, o principal motivo da prática é a busca do lazer. Eles defendem que a captura dos animais é o entretenimento, no qual se resume no famoso “pesque e solte”. Por esse motivo, a categoria diz que se preocupa com preservação dos rios e dos peixes, para que a atividade continue funcionando. Eles defendem que a pesca esportiva reflete também em retornos econômicos com o turismo local.

Pesca artesanal

Para os pescadores artesanais, a prática se resume ao consumo próprio ou venda em pequenas quantidades, com objetivo da subsistência. Esse grupo de pescadores depende desse recurso para sobreviver e se sustentar.

De acordo como presidente da Associação dos Pescadores de Rorainópolis (RR), Marcos Diones dos Santos, os pescadores artesanais querem a liberdade para exercer suas atividades nos rios de Roraima, sem nenhuma proibição de lei.

O presidente da Associação dos Pescadores de Rorainópolis, Marcos Diones dos Santos (Ascom/ALE-RR)

“Simplesmente, nós somos contra qualquer proibição de qualquer espécie de peixe que tenha nos nossos rios, que sirva para a sobrevivência do pescador desse Estado. Não temos outra fala. A gente não necessita analisar o que vai acontecer, nós somos ao contrário do que diz a lei.  As nossas práticas colocam o peixe na mesa de cada um dos senhores e senhoras que estão aqui hoje”, destacou.

Posto de fiscalização

A audiência pública resultou no compromisso da ALE-RR de considerar as demandas de pescadores artesanais e esportivos na formulação de emendas ao projeto de lei. Além disso, os deputados garantiram a alocação de R$ 3 milhões na Lei Orçamentária Anual (LOA), por meio de emendas, para a criação de um posto de fiscalização contra a pesca irregular.

O presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), destacou que o encontro reuniu diversas contribuições e que a Assembleia buscará uma solução que contemple a sustentabilidade ambiental e econômica, com respeito às atividades da pesca esportiva e à tradição dos pescadores artesanais, que ocupam a região há décadas.

“São 12 mil famílias que dependem da pesca artesanal em Roraima e merecem nosso respeito. Vamos aprimorar o texto, manter a proibição da pesca do Tucunaré e garantir recursos para a fiscalização, especialmente para coibir a pesca predatória de outros estados”, disse Sampaio.

Audiência pública na ALE-RR (Ascom/ALE-RR)

As contribuições da audiência serão analisadas por uma comissão especial, composta pelos Soldado Sampaio, como presidente; Armando Neto (PL), vice-presidente; Odilon (Podemos), relator; Catarina Guerra (União), Coronel Chagas (PRTB), Gabriel Picanço (Republicanos), Jorge Everton (União) e Marcelo Cabral (Cidadania), membros.

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Editado por Adrisa De Góes

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