Pesquisa analisa discurso do eleitor manauara para eleições de 2022

A pesquisa foi realizada ao longo de 2020 e no primeiro semestre de 2021 (Reprodução/ Internet)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Uma pesquisa qualitativa, intitulada ‘Narrativa Política: Discurso do Eleitor Manauara para a Eleição de 2022‘, focada em analisar o perfil do eleitorado manauara, disponibilizou, nesta segunda-feira, 25, informações relevantes que ajudam a entender as atuais percepções e posicionamentos da população em relação ao cenário político atual. A pesquisa foi produzida e publicada pelo site O Convergente e teve o objetivo de mostrar as expectativas, os desejos e as demandas dos eleitores antes, durante e depois da campanha eleitoral .

De acordo com a responsável pela análise Érica Lima, a pesquisa realizada ao longo de 2020 e no primeiro semestre de 2021 auxilia na compreensão das motivações, as atitudes e as razões que levam o público votante a definir sua preferência e/ou rejeição. “Já pensado no cenário do ano que vem, trazemos um pouco desse estudo desenvolvido neste período por conta da pandemia e a atuais influências das redes sociais”, explica Érica.

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Érica destaca que o estudo atua como um termômetro onde os resultados dos grupos focais servem para dar um direcionamento voltado à estratégia de comunicação e campanha eleitoral, levando em consideração como a população pensa o seu cotidiano e os seus anseios. “Pensar numa campanha no ano que vem é pensar no que realmente as pessoas precisam. E nosso estudo é a ferramenta nesse sentido”, explica Érica.

Grupos focais servem para nortear a estratégia de comunicação de uma campanha eleitoral (Reprodução/ O Convergente)

Dados relevantes

A pesquisa ressalta fatores como o cenário pandêmico desencadeado pela Covid-19, seguidos dos impactos, expectativas e medidas relacionadas ao cenário político local e nacional. A busca por uma terceira via e não identificação de uma força política de inovação para o atual momento é um dos pontos revelados nos estudos.

“Acredito que seja um grande achado, pois, até então, falamos sempre sobre polarização, eleitores de direita e esquerda, mas com as insatisfações econômicas e o atual cenário que estamos vivendo, o eleitor tende a ficar desgastado tanto com Jair Bolsonaro quanto com a figura de Lula que representa a esquerda. (…) Algo interessante que o levantamento mostrou é que se estivéssemos falando de uma eleição em meados do mês de julho, Sergio Moro seria o presidente do País, olhando para um retrato voltado para aquele momento, dentro das percepções de um público da cidade de Manaus”, revela Érica.

“Predominantemente, o que mais exerce influência e alimenta os bastidores da política, no Estado do Amazonas, é o WhatsApp e os grupos que nele contém e também os portais de notícias acompanhados pelo Facebook. Inclusive, haverá um grande crescimento desses portais criados para, especificamente, movimentar notícias para determinados candidatos”, diz Lima.

Pelos discursos analisados, Érica ressalta um detalhe que chama atenção para o uso dessas ferramentas sociais. De acordo com a responsável pela análise, em relação aos grupos de Whatsapp, a direita possui muito mais controle e expertise sobre o assunto, enquanto a esquerda ainda não compreendeu a relevância da ferramenta. Embora tenha uma história de forte militância no Brasil, está distante da questão digital quando a iniciativa é voltada para os objetivos do partido e até mesmo ao combate às fake news.

Grande parte da população tem desaprovado o governo Bolsonaro (Reprodução/ O Convergente)

Decepção e desesperança em relação ao governo Bolsonaro

Durante a pesquisa, quando se trata do governo Bolsonaro, grande parte da população tem desaprovado o governo atual. Dentro das menções mais recorrentes, em todos os grupos entrevistados, estão: “Brasil está quebrado”, “crise”, “pobreza”, “fome”, “pandemia”, “imposto”, “genocida”, “desmatamento” e “vacina”.

“Grande parte dessa decepção se dá ao jeito Bolsonaro de ser, mas ainda compreendem o presidente com o agir relacionado às pessoas de bem e isso pesa, com certeza”, pontua a pesquisadora.

Os temas de política e economia demonstram insatisfação por parte da maioria dos entrevistados e entrevistadas, resultando em uma avaliação negativa da situação do País. “Em todos os grupos, houve referência a um contexto de corrupção acentuada, má administração, aumento do desemprego e da inflação. Associado a isto, um sentimento de incerteza”, consta o texto.

Wilson X Amazonino Mendes X Eduardo Braga X David Almeida

De acordo com a pesquisa, a rejeição do público em relação ao governador do Amazonas, Wilson Lima, sofreu uma redução. Um dos fatores da diminuição da rejeição são as ações sociais e intensas campanhas de vacinação e combate à Covid-19 que traz à população um novo olhar para a atual gestão. A CPI da Pandemia também teria corroborado para transferir parte dos problemas para o Governo Federal.

Apesar de agregar quase todos os requisitos que denotam experiência, Amazonino Mendes é prejudicado pela idade. A simpatia com uma possível campanha de Mendes, segundo a leitura de Érica Lima, depende da escolha do vice, trazendo a vontade de ganhar, a jovialidade e a influência. Unir a jovialidade com a experiência poderia fazer da campanha de Amazonino uma campanha histórica.

Em se tratando de Eduardo Braga, a avaliação mostra que o ex-governador está com a imagem desgastada sendo associada à velha política. Mas, apresenta um crescimento de transferência de votos nos municípios do Estado. Quando chega a vez de David Almeida, o estudo destaca a forte influência nas redes sociais e nos grupos mais jovens por conta da vacinação contra a Covid-19.

“Sabemos que em política tudo muda. David começou de forma muito conturbada. Até então, o que se houve nos bastidores é que Almeida não tem pretensão de vir para eleições ao governo do Estado. A grande verdade é que a população está em busca de uma espécie de salvador da pátria”, conta a profissional.

A narrativa mostra a visão dos eleitores em relação aos políticos locais (Reprodução/O Convergente)

Senado

Focando no Senado, o estudo mostra que Arthur Neto é bem avaliado pela atuação anterior, como senador, e pelo trabalho de pavimentação na gestão passada, como prefeito de Manaus. Mas o destaque fica para o Coronel Menezes que aparece como uma nova opção (aposta). Omar Aziz apresenta maior rejeição e associação à ideia da velha política e corrupção.

Sobre a pesquisa narrativa

A análise foi realizada com várias rodadas e grupos qualitativos. Um rodada é trabalhada, em média, com 6 a 8 grupos compostos por 10 pessoas. “Eu escolhi cerca de 4 rodadas e cada rodada foi realizada com 4 grupos compondo 10 pessoas em todas as zonas de Manaus e, na grande maioria, com público C e D”, revela a profissional que possui mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias, com especialidade em História Oral.

Érica Lima atua em pesquisas qualitativas há oito anos e pesquisas eleitorais desde 2017. Os participantes dos grupos focais têm idade entre 20 a 60 anos. Para os dados completos da primeira parte da pesquisa clique aqui.

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