Pesquisa aponta contaminação por mercúrio de mulheres que vivem em garimpos no Amapá
Homem exibe mercúrio (ClimaInfo/Reprodução)
Victória Sales – Da Revista Cenarium
MANAUS – Uma pesquisa denominada “Exposição de mulheres ao mercúrio em quatro países latino-americanos”, publicada este ano, realizada pela Rede Internacional de Eliminação de Poluentes e do Biodiversity Research Institute (BRI), com apoio do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), apontou que 34 mulheres, em idade fértil, apresentaram uma alta contaminação por mercúrio.
De acordo com o estudo, a pesquisa foi realizada na comunidade Vila Nova, localizada no município de Porto Grande (a 111 quilômetros de Macapá), no Amapá. Ainda de acordo com o trabalho realizado, a área fica próxima de garimpos, onde muitos são ilegais e que fazem a utilização de produtos à natureza.
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Além disso, a análise descobriu que as mulheres apresentaram nível médio de contaminação, com 2,98 ppm, acima da taxa de 1 ppm estabelecida pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, com limite para efeitos negativos para o desenvolvimento dos fetos durante a gestação.
Entre os efeitos que o mercúrio, advindo do garimpo, pode trazer para a população estão: danos à saúde, prejuízo ao sistema neurológico, e para as grávidas, os efeitos são ainda mais prejudiciais, pois pode chegar até os bebês, causando comprometimento no sistema neurológico, danos aos rins e no sistema cardiovascular.
Das 34 mulheres que participaram do estudo, 16 declararam que estão ligadas, diretamente, ao garimpo ou são casadas com garimpeiros. Um estudo produzido em 2020 já havia apontado um alto índice de mercúrio nos peixes do estado e, em 2017, um levantamento feito nas bacias hidrográficas dos rios Amapari, Araguari, Cassiporé, Oiapoque e Amapá Grande também apontou uma concentração do produto maior que a recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com o coordenador do Programa Gestão da Informação, do Instituto Iepé, Decio Yokota, as mulheres que participaram da pesquisa foram de forma voluntária e, por se tratarem das pessoas mais afetadas, quando se trata de mercúrio. “Elas são o público mais afetado pela questão do mercúrio, principalmente as em idades reprodutivas, por conta do potencial em gerar um feto. As crianças, quando recebem uma contaminação muito grande, têm problemas de desenvolvimento grave, inclusive, fatal”, ressaltou o coordenador.
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