Cidades do Norte têm os piores índices de qualidade de vida, diz relatório


09 de julho de 2024
Cidades do Norte têm os piores índices de qualidade de vida, diz relatório
Região Norte do país enfrenta problemáticas pertinentes (Composição/Weslley Santos/CENARIUM)
Carol Veras – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O último relatório do Índice de Progresso Social (IPS) divulgado este ano indica que o município de Uiramutã, em Roraima, registra a menor pontuação em qualidade de vida no País, alcançando 37,63. Situada a 360 quilômetros de Boa Vista, na região Norte do país, com uma população de 13.751 habitantes, a cidade enfrenta significativas dificuldades em termos de habitação, educação e saúde.

Além de Uiramutã, Alto Alegre, também em Roraima, e Trairão, no Pará, estão entre os piores índices apresentados. O Estado do Pará é o mais frequente na tabela, com oito municípios indicados no ranking dos 20 índices mais baixos. No Amazonas, o município de Pauini, localizado a 923 quilômetros da capital Manaus aparece na 13ª posição. Veja abaixo:

Índices mais baixos no IPS (Reprodução/IPS Brasil)

A estrutura do IPS abrange três dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades, cada uma composta por 12 componentes distintos. Cada componente responde a uma pergunta orientadora e é avaliado por meio de três a seis indicadores específicos. O indicador mais crítico no Brasil é o de habitação, com uma avaliação de 10,47, enquanto a taxa de mortalidade infantil é de 25 óbitos por mil nascimentos.

A renda per capita no município de Uiramutã, em Roraima, é de R$ 10,5 mil, de acordo com o relatório de divulgação do índice, significativamente inferior à de Gavião Peixoto, líder no ranking nacional. Fundada em 1995, Uiramutã enfrenta desafios sociais e econômicos consideráveis, apesar das belezas naturais que a cercam.

O mapa do relatório mostra a região Norte do País quase que inteiramente em cores vermelhas, indicando que os índices estão abaixo do esperado, correspondendo entre as posições 7, 8 e 9 no ranking. No Amazonas, a única localidade que atinge a posição 2 corresponde à Região Metropolitana de Manaus.

Mapa mostrando dados gerais do IPS (Reprodução/IPS)

“Dentre as capitais, Porto Velho (RO) e Macapá (AP) tiveram notas relativamente mais baixas. Manaus (AM) se destacou em Inclusão Social, mas apresentou uma situação crítica em Segurança Pessoal. Palmas (TO), apesar de não ser uma capital do Norte, liderou em Acesso ao Conhecimento Básico”, afirmou a organização, no relatório.

O Índice de Progresso Social (IPS) Brasil 2024 registrou uma pontuação de 61,83 para o País. Entre as dimensões avaliadas, Necessidades Humanas Básicas obteve 73,58, Fundamentos do Bem-estar alcançou 67,10, e Oportunidades ficou com 44,83. O IPS se baseia em indicadores exclusivamente sociais e ambientais, sem incluir indicadores econômicos, para medir diretamente o progresso socioambiental. Ele foca nos resultados que afetam a vida das pessoas, avaliando as desvantagens ao invés das vantagens.

O sucesso ou fracasso do Brasil no progresso social tem relação direta com o Acordo de Paris e para a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O estudo aponta que o País abriga entre 15% e 20% da biodiversidade mundial e possui a floresta amazônica, o maior reservatório natural de carbono do planeta. No entanto, o desmatamento persistente agrava as mudanças climáticas e alimenta a crescente desigualdade na sociedade brasileira, afetando diretamente o progresso social.

O componente Qualidade do Meio Ambiente apresentou resultados mais críticos nos municípios situados no arco do desmatamento da Amazônia Legal. Esses municípios enfrentam uma perda significativa de cobertura florestal, supressão de vegetação secundária, emissões expressivas de gases de efeito estufa (GEE) e insuficiência de áreas verdes nos núcleos urbanos. No norte de Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, também foi registrada uma perda significativa de vegetação original e supressão de vegetação.

A análise de regressão entre o IPS Brasil 2024 e o PIB per capita 2021 mostra grande variação nos resultados, especialmente em municípios com PIB per capita inferior a R$ 100 mil. Mesmo com um valor baixo, é possível obter boas notas no IPS, como exemplificam dois municípios na Amazônia Legal com PIB per capita semelhante, mas com resultados diferentes no índice.

Jacareacanga (PA), afetado pelo garimpo ilegal e desmatamento, obteve um IPS de 38,92 e ficou na posição 5.566 de 5.570. Em contraste, Itacoatiara (AM), situado em uma área mais conservada da Amazônia, alcançou um IPS de 58,60, ocupando a posição 2.579 de 5.570. Essas variações demonstram que o PIB per capita não é o único determinante do progresso social.

Município de Jacareacanga (Reprodução/Rodrigo Pinheiro/Agência Pará)
O IPS

Desenvolvido a partir de quatro grandes princípios, o IPS serve como uma ferramenta prática para orientar políticas públicas e investimentos sociais privados, auxiliando dirigentes públicos, líderes empresariais e da sociedade civil a planejar, implementar e avaliar políticas e programas que acelerem o progresso social. O objetivo do projeto é medir o progresso socioambiental de forma holística e abrangente, aplicável a todas as geografias, incluindo países, estados, municípios, distritos e comunidades dentro dos municípios.

Leia também: Região Norte tem pior qualidade de ar do País, diz Ministério do Meio Ambiente

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