Pesquisador desmente fala de Lula sobre variante P.1 ser dez vezes mais contagiosa

Ex-presidente Lula citou situação de Manaus em seu primeiro discurso após decisão de Fachin (Reprodução/Internet)

Jennifer Silva – Da Revista Cenarium

MANAUS – O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, afirmou à Revista Cenarium que a variante P.1, encontrada inicialmente no Amazonas, não possui alto índice de contágio como afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pronunciamento nesta quarta-feira, 10.

“A variante P.1 não é dez vezes mais contagiosa que as outras variantes. Os modelos estatísticos mostram que essa nova variante que surgiu na região amazônica é duas vezes mais contagiosa do que a variante que causou a Covid-19. A carga viral do organismo das pessoas é dez vezes maior, mas a transmissibilidade é duas vezes maior”, afirmou o pesquisador.

Segundo Lucas, é perigosa a fala do ex-presidente, principalmente em tempos de fake news. “Não é uma questão de discordar da fala do Lula, é uma questão que nós termos dados científicos e o Lula não é um especialista no tema e é complicado dizer algo dessa natureza. Isso pode distorcer informações, em uma pandemia onde a gente já tem total conflito de informações e muita fake news. A gente precisa dar a informação correta”, esclareceu Ferrante.

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Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um adulto infectado com essa variante tem uma carga viral [quantidade de vírus no corpo] dez vezes maior em relação a uma infecção por outras variantes. O estudo foi publicado como “preprint”, ou seja, ainda não passou pela revisão de outros cientistas, a chamada revisão pelos pares.

Contudo, isso não quer dizer que a nova cepa seja “dez vezes mais contagiante”, como afirmou o ex-presidente Lula. “É uma informação equivocada e não condiz com os fatos reais”, completou Lucas Ferrante.

Primeiros casos

Os primeiros casos da Covid-19 no Amazonas foram detectados em março de 2020. Segundo a nota técnica da Fiocruz Amazônia, no dia 30 de dezembro de 2020, os pesquisadores identificaram um possível caso de reinfecção. Eles realizaram o sequenciamento e, no dia 13 de janeiro, veio a confirmação de que o vírus analisado na amostra era uma nova variante, que foi denominada P.1.

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