Pesquisador do Imazon aponta AM como novo epicentro do desmatamento


26 de agosto de 2024
Pesquisador do Imazon aponta AM como novo epicentro do desmatamento
Área de floresta desmatada (Victor Moriyama/Greenpeace)
Ana Cláudia Leocádio – Da Cenarium

BRASÍLIA (DF) – “Infelizmente o Estado do Amazonas vem se consolidando como um novo epicentro de desmatamento. Ele era o Estado com as maiores áreas de florestas do Brasil e com as taxas mais baixas de derrubada e, agora, a situação mudou em plena crise climática”. É o que afirma o pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Carlos Souza Jr ao analisar os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do mês de julho.

O Imazon lançou, na última sexta-feira, 23, a análise do calendário do desmatamento 2024, que compreende o período de agosto de 2023 a julho deste ano. De acordo com o instituto, embora os dados mostrem uma diminuição de 46% na derrubada de florestas, em comparação com o período anterior, pelo segundo mês consecutivo há registro de aumento do desmatamento. Em julho, foi registrada uma elevação de 29% na derrubada florestal, com 642 quilômetros quadrados devastados, frente aos 499 quilômetros quadrados, de julho de 2023.

Os Estados do Amazonas, Pará e Acre concentraram 77% da destruição florestal, responsáveis por 495 km² de destruição, no mês de julho de 2024. Foram 28% no Amazonas, 27% no Pará, 22% no Acre, 9% no Mato Grosso, 7% no Maranhão, 6% em Rondônia e 1% em Roraima.

Área de mata desmatada (Reprodução/PF)

Dos dez municípios críticos, quatro estão localizados em território amazonense: Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã e Boca do Acre. Em seguida, estão Feijó e Tarauacá, no Acre; Portel e Itaituba, no Pará. Completam a lista, Porto Velho, capital de Rondônia, e Colniza, no Mato Grosso. No mês de junho, o SAD do Imazon apontou Lábrea, Novo Aripuanã, Boca do Acre, Apuí e Manicoré entre os dez municípios que mais desmatavam na Amazônia.

Estudo do MapBiomas, lançado na semana passada, mostra que o Amazonas e o Amapá são os dois estados com maior proporção de vegetação nativa preservada, com 95% cada. Até 1985, o Amapá detinha 98% de suas áreas naturais intactos, enquanto o Amazonas conservava 97%.

Segundo o estudo do Imazon, em julho de 2024, “67% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos (23%), Unidades de Conservação (8%) e Terras Indígenas (2%)”.

“As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 175 quilômetros quadrados em julho de 2024, o que representa uma redução de 55% em relação a julho de 2023, quando a degradação detectada foi de 113 quilômetros quadrados. Em julho de 2024 a degradação foi detectada no Mato Grosso (35%), Pará (33%), Acre (15%), Amazonas (13%) e Rondônia (4%)”, diz a anotação do estudo do Imazon.

Tendência de aumento contínuo

Em entrevista ao Imazon, o pesquisador Calos Souza Jr. alerta para a tendência de aumento do desmatamento pelo segundo mês consecutivo, junho e julho, num momento em que começa a época mais crítica do ano, quando as estatísticas de devastação são altas. “É preciso seguir avaliando o cenário, há uma tendência de aumento que pode acelerar nos meses seguintes. Intensificar medidas de fiscalização nas regiões mais pressionadas e penalizar devidamente os desmatadores ilegais é fundamental para barrar a atividade”, ressaltou.

Ainda em julho, o Imazon observou aumento de 14% do desmatamento nas unidades de conservação (UCs), saindo de 43 43 km², em julho de 2023, para 49 km² em julho de 2024. Das dez UCs mais desmatadas, seis estão no Estado do Acre, duas no Pará e uma no Amazonas, com destaque para a Resex Chico Mendes (AC), que saiu de sétimo para o primeiro lugar no ranking de desmate, em apenas um mês.

As terras indígenas continuam com o menor índice de desmatamento, 2% do total. Entre as dez Terras Indígenas (TIs) com maior registro de derrubada de florestas, cinco estão no Amazonas, três no Pará, uma em Mato Groso e uma no Maranhão.

Desmatamento na Amazônia Legal (Marcio Isensee/Shutterstock.com)

Segundo a pesquisadora do Imazon, Larissa Amorim, mesmo com o aumento registrado nesses locais, “as unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas funcionam como barreiras contra a destruição florestal, por isso, a atividade é sempre menor dentro dessas regiões”. Amorim chama a atenção para a necessidade de dar uma destinação para as terras públicas, criando novas áreas protegidas, como forma de dar maior defesa florestal por meio de lei, combater a grilagem de terras e melhorar a segurança dos povos e comunidades locais.

O que é o SAD

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) é uma ferramenta de monitoramento da Amazônia Legal baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon em 2008, para reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região.

Leia mais: Alertas de desmatamento na Amazônia caem 46% e sobem 9% no Cerrado
Editado por Adrisa De Góes

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