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Pesquisadores da UEA usam matéria-prima da Amazônia em produto cosmético
Os pesquisadores lado a lado segurando os insumos (Luiz André/CENARIUM)
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15 de junho de 2024
Isabella Rabelo – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Com a maioria dos insumos atualmente empregados na indústria cosmética consistindo em elementos sintéticos, a utilização de componentes naturais no desenvolvimento de cosméticos desempenha um papel crucial não apenas na pauta ambiental, mas também na promoção da saúde e bem-estar dos consumidores.
Pensando nisso, pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) estão trabalhando no processo de desenvolvimento de um produto cosmético que utiliza elementos da Amazônia como matéria-prima, como a castanha-do-brasil, o óleo de pau-rosa e extratos do guaraná.
Categorizando-se como protetor solar, o produto, consiste em uma emulsão fitocosmética, ou seja, cujos princípios ativos são óleos, extratos ou mesmo partes de vegetais. Esses cosméticos têm como apelo e objetivo fornecer produtos que não agridam o organismo.
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Produto desenvolvido por pesquisadores da UEA (Luiz André/CENARIUM)
O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), é desenvolvido pela professora doutora em Engenharia Química Patrícia Melchionna e pelo mestrando Juliano Camurça, que possui graduação na mesma área e está desenvolvendo o produto como parte da dissertação.
O incentivo surgiu a partir do edital “Universal Amazonas“, lançado pela Fapeam em 2019 com o objetivo de apoiar projetos que incentivassem empresas do interior do Estado. Foi firmada, então, uma parceria com a D´Amazônia Origens, empresa localizada no município de Maués (a 276 quilômetros de Manaus), que cede as sementes de guaraná e o óleo de castanha-do-brasil para a pesquisa.
O extrato de guaraná utilizado na emulsão. Ao fundo, o óleo de castanha e o produto em fase final. (Luiz André/CENARIUM)
Segundo Juliano, o principal componente da emulsão vegana seria o extrato de guaraná que, de acordo com os estudos, possui propriedades de fotoproteção (proteção à luz) e antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres que prejudicam a pele e causam envelhecimento.
“A ação dos radicais livres acontece na segunda camada da pele. Com o uso da nanotecnologia, nós conseguimos direcionar esses ativos até essa camada, para que eles sejam liberados de forma prolongada e atuem contra essas moléculas”, afirmou o pesquisador.
Nanotecnologia
O projeto utiliza a tecnologia do nanoencapsulamento, que consiste em envolver e proteger ativos em cápsulas de tamanho nanométrico, desenvolvidos de diversos materiais, mas principalmente lipídios e polímeros naturais ou sintéticos.
A iniciativa faz parte do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNANO), rede formada por um conjunto de laboratórios direcionados à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação (PD&I) em nanociências e nanotecnologias. O método é aplicado no projeto em parceria com o Instituto Federal do Amazonas (Ifam).
“Agregar a nanotecnologia facilita o processo de controlar a liberação do ativo no momento do uso para potencializar a ação do produto, e manter a estabilidade e durabilidade do extrato na emulsão”, afirmou Juliano.
Os pesquisadores Patrícia Melchionna e Juliano Camurça (Luiz André/CENARIUM)
Projeto inicial
O projeto é uma continuação de outra proposta desenvolvida anteriormente pela professora Patrícia, que seguia a mesma linha do uso destas espécies para a obtenção de bioprodutos que apresentam alto valor de mercado, beneficiando, consequentemente, o setor produtivo do município de Maués e do Estado do Amazonas.
“Espécies vegetais amazônicas apresentam propriedades biológicas de grande interesse para a indústria de cosméticos, como o guaraná, que cujo extrato possui atividade antioxidante, e o pau-rosa, que fornece um óleo essencial rico em linalol, com conhecida atividade antimicrobiana”, explicou a professora.
Os pesquisadores apontam a pretensão de inserir a criação no mercado assim que possível, e reforçam o objetivo da pesquisa em formular um produto eficiente e sustentável, que atenda às necessidades do público-alvo, bem como as demandas ambientais.
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