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Pesquisadores da Ufam e UEA realizam estudo sobre o mastruz para uso contra a Covid-19
A decisão de investigar o mastruz partiu de relatos, mundialmente conhecidos, de que a planta tem efeitos benéficos contra doenças respiratórias. (Divulgação)
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05 de junho de 2020
Da Revista Cenarium*
MANAUS – Um estudo de pesquisadores das universidades federal e estadual do Amazonas, Ufam e UEA, referente ao potencial do mastruz como fitomedicamento para uso contra a pandemia do novo Coronavírus, doença que causa a Covid-19, foi publicado no fast track da Revista Internacional Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. A decisão de investigar o mastruz partiu de relatos, mundialmente conhecidos, de que a planta tem efeitos benéficos contra doenças respiratórias.
O estudo apresenta, por meio de uma abordagem computacional, o potencial de compostos presentes no mastruz como inibidores de enzimas envolvidas na replicação do vírus SARS-CoV-2, responsável por provocar a Covid-19.
Os pesquisadores explicaram que os flavonóides presentes no mastruz e seus derivados, que ocorrem no organismo humano após a ingestão, apresentaram boa capacidade de ancoragem a enzimas do vírus, inibindo-as e indicando, preliminarmente, o seu potencial contra a Covid-19.
“O mastruz (Dysphania ambrosioides, syn. Chenopodium ambrosioides) tem origem na América Latina e está presente no Brasil e em várias partes do mundo. Esta planta é relatada por muitos povos no tratamento de doenças respiratórias e a ela são atribuídas propriedades expectorante, cicatrizante, anti-inflamatória e antiviral, entre outras. A motivação do início das pesquisas do mastruz foram, portanto, as propriedades a ela atribuídas, hipoteticamente úteis para o combate a covid-19”, contaram.
A abordagem computacional, usada pelo estudo, é teórica (in silico) e simula processos naturais em um ambiente virtual. No caso específico, a abordagem utilizada (ancoragem molecular) permitiu simular as interações de substâncias conhecidas (ligantes) com enzimas específicas do coronavírus.
O resultado sugere as substâncias rutina e nicotiflorina, dois dos principais flavonóides do mastruz, como possíveis alternativas no combate ao vírus da covid-19. O estudo aponta a rutina como uma possível alternativa à heparina de baixo peso molecular (HBPM), devido aos seus efeitos anticoagulantes e anti-inflamatórios e sua proteção potencial contra lesões agudas do pulmão (LAP).
“O estudo computacional é um primeiro passo e tem, por natureza, diversas limitações. Somente estudos mais aprofundados, in vitro,in vivo e clínicos, poderão nos conduzir a um porto seguro sobre o uso da planta e dos seus flavonóides ou outras substâncias que sejam detectadas, como medicamento – há um caminho longo até lá. Obviamente, são necessárias mais pesquisas para atestar os resultados relatados no paper. No entanto, nos parece evidente, a necessidade de investigar o potencial de D. ambrosioides como fitomedicamento para uso contra Covid-19”, explicaram.
Os pesquisadores esclareceram também que não há comprovação de que a planta seja um remédio caseiro para prevenção ou tratamento da covid-19. “Não podemos indicar o uso da planta como remédio caseiro. As pessoas têm tomado o chá, tendo ou não a covid-19, como algumas têm relatado, inclusive porque a planta tem sido utilizada para diversos fins em todo o mundo. É evidente que mesmo um chá utilizado por pessoas em diversos países, como é o caso, pode ser prejudicial se for utilizado de forma errada e abusiva. É importante pontuar que havendo a covid-19, o uso da planta não dispensa os cuidados médicos, pois não existe, até onde temos conhecimento, estudos conclusivos que garantam que esta planta é remédio contra essa pandemia”, elucidaram.
Fica claro, no próprio manuscrito, que esse estudo não é conclusivo e precisa ser confirmado ou desmentido por estudos mais aprofundados. “Aqui, vale alertar às pessoas que consomem o mastruz por algum motivo, que as sementes e as flores, bem como a planta crua, podem causar intoxicação, conforme descrição na literatura científica. Destaque-se também que o mastruz é relatado como abortivo, não devendo ser consumido por mulheres grávidas”, finalizaram os pesquisadores.
Os próximos passos são os estudos in vitro, in vivo e clínicos. Há uma parceria entre a Ufam e a Universidade de São Paulo (USP) para seguir com ensaios de células infectadas com o Coronavírus.
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