Pessoas passam mal após agentes da prefeitura usarem spray de pimenta no #SouManaus
Por: Cenarium
07 de setembro de 2025
MANAUS (AM) – “Muita gente desesperada, foi uma correria”, afirmou o cinegrafista da CENARIUM, Erik Oliveira, ao flagrar pessoas passando mal no evento cultural no Amazonas, o Festival #SouManaus, na noite de sábado, 7, após agentes da Segurança Municipal da capital amazonense lançarem spray de pimenta sobre um público formado por centenas de participantes que tentavam ter acesso ao ‘Palco Malcher’.
O sábado foi a segunda noite do evento, marcado por confusão e polêmicas relacionadas à falta de organização e à transparência nos cachês pagos a artistas como o Grupo Calcinha Preta, Pablo e Ivete Sangalo, que chegam a cobrar até R$ 700 mil por show.
A reportagem da CENARIUM apurou que, no momento do show do cantor Pablo, após a apresentação da cantora baiana Ivete Sangalo, uma multidão foi impedida de ter acesso ao local, sob a alegação de que a capacidade máxima havia sido alcançada. Jovens, mulheres e idosas deixaram o local tossindo e cobrindo o rosto.
As imagens registradas pelo cinegrafista da CENARIUM, Erik Oliveira, mostram o momento em que pessoas passam mal em razão do gás lacrimogêneo disparado pela Guarda Municipal da Prefeitura de Manaus, sob a gestão do prefeito David Almeida (Avante).
Nas plataformas digitais, frequentadores também criticaram a distribuição de pulseiras para o evento. “O prefeito liberou um monte de pulseira e o pessoal está fora do show. Essa é a humilhação que o prefeito de Manaus faz a gente passar”, afirmou um homem que não quis se identificar.
A CENARIUM procurou a Prefeitura de Manaus para comentar a situação e aguarda retorno.
Nas plataformas digitais, frequentadores também criticaram a distribuição de pulseiras para o evento. “O prefeito liberou um monte de pulseira e o pessoal está fora do show. Essa é a humilhação que o prefeito de Manaus faz a gente passar”, afirmou um homem que não quis se identificar.
Sem transparência
O Festival Sou Manaus Passo a Paço 2025, realizado entre os dias 5 e 7 de setembro, com shows distribuídos em 17 palcos no Centro Histórico da capital amazonense, trouxe de volta antigas polêmicas. Além do debate sobre a falta de transparência da prefeitura na gestão de David Almeida, com os custos milionários de artistas nacionais, há ainda queixas sobre o tratamento desigual em relação aos artistas locais e sobre a descaracterização do evento em relação ao seu conceito inicial.
Os gastos mencionados nos parágrafos anteriores são apenas estimativas. Isso porque, apesar de o evento ter sido amplamente divulgado nas plataformas oficiais da Prefeitura de Manaus, como o portal institucional e o site oficial do festival, informações detalhadas sobre custos específicos, como os cachês dos artistas nacionais, não estão disponíveis no Portal da Transparência.
Leia mais: Cachês milionários, descaracterização e falta de transparência marcam Sou Manaus 2025
Vale lembrar que a divulgação dos gastos públicos é determinada tanto pela Constituição Federal de 1988, que assegura o direito de acesso à informação (art. 5º, inciso XXXIII, e art. 37, caput), quanto pela Lei de Acesso à Informação (Lei Federal 12.527/2011), que obriga órgãos públicos a disponibilizarem dados sobre execução orçamentária e financeira de forma clara e acessível.
Além disso, a própria Lei Orgânica do Município de Manaus e as regulamentações do Portal da Transparência da Prefeitura reforçam essa obrigação, estabelecendo que despesas como contratos de shows e festivais municipais devem ser publicadas para controle social.
Festival Passo a Paço
O evento surgiu para ser um festival de artes integradas em Manaus, entre os feriados da Elevação do Amazonas à categoria de Província e a Independência do Brasil, celebrados nos dias 5 e 7 de setembro, respectivamente. Antes de ser rebatizado como #SouManaus Passo a Paço, em 2023, o Festival “Passo a Paço” havia sido uma ideia do ex-vice-presidente da Manauscult na época, Zezinho Cardoso, com um trocadinho entre palavras do mesmo fonema com significados diferentes. No caso passos ao andar com o Paço de palácio, no caso o Paço da Liberdade – Museu da Cidade de Manaus.
O que diz a Prefeitura de Manaus
Após a repercussão do caso, a Prefeitura de Manaus, por meio do Centro de Cooperação da Cidade (CCC), pasta responsável pela Guarda Municipal, afirmou que a ação foi tomada para conter um grupo de pessoas que estavam sem pulseiras de acesso ao palco Malcher.
“A Prefeitura de Manaus, por meio do Centro de Cooperação da Cidade (CCC), responsável pelo colegiado municipal, e da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg), pasta responsável pela Guarda Municipal de Manaus, informa que as equipes de patrulhamento que atuavam na noite deste sábado, 6/9, no #SouManaus Passo a Paço 2025, reforçando a segurança e o apoio às ações de triagem em pontos estratégicos da festa, tiveram que agir, por volta das 21h15, para conter uma tentativa de invasão ao palco Malcher de pessoas sem a pulseira que garante acesso ao espaço.
Para preservar a integridade dos participantes do festival, as guarnições foram orientadas a interromper temporariamente o acesso ao local, o que retardou a entrada das pessoas que tinham a pulseira e estavam do lado de fora do palco.
Inicialmente, os agentes da Guarda Municipal tentaram conversar e orientar a população sobre o fechamento temporário. No entanto, diante da resistência de parte da multidão, que chegou a arremessar pedras e garrafas contra as guarnições e tentou romper a barreira de segurança, tanto a Polícia Militar quanto a Guarda Municipal tiveram de fazer uso moderado da força, incluindo o emprego de spray de pimenta, até que o tumulto fosse controlado.
Após a situação ser controlada, a organização do evento autorizou a liberação gradual da entrada de pessoas que possuíam pulseiras de acesso, restabelecendo a normalidade no espaço.
A Prefeitura de Manaus reforça que a atuação das equipes da Guarda Municipal durante o evento segue os protocolos de segurança, sempre com o objetivo de proteger a população, preservar vidas e garantir a tranquilidade dos participantes“.