PF: Áudio de Ramagem e Bolsonaro indica ação para proteger Flávio
11 de julho de 2024

Da Cenarium*
MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) encontrou um áudio “possivelmente gravado” pelo ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL) de uma conversa com Jair Bolsonaro (PL) e o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, sobre o caso das “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro.
O diálogo foi encontrado na investigação sobre a chamada “Abin paralela” no governo de Bolsonaro. A PF deflagrou a quarta fase da operação nesta quinta-feira, 11, prendendo agentes que trabalhavam diretamente para Ramagem, que hoje é deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Na conversa, que inclui “possivelmente” a advogada de Flávio, segundo a PF, eles tratam de supostas irregularidades cometidas pelos auditores da Receita na confecção do relatório de inteligência fiscal que deu origem à investigação. Eles seriam responsáveis pelo relatório que deu origem à investigação que apurava o desvio de parte dos salários dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

O objetivo, segundo o documento seria “encontrar podres sobre os mencionados auditores”. Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, Flávio afirmou que “não existia nenhuma relação minha com Abin“.
“Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro“, afirmou o senador.
Ameaça de morte
Integrantes da chamada “Abin paralela” na gestão de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram em trocas de mensagens que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes merecia um tiro na cabeça e outras ações violentas, aponta relatório da Polícia Federal sobre o caso.
Em uma conversa em agosto de 2021 sobre investigações sob a responsabilidade de Moraes entre dois presos nesta quinta, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues, um deles diz que “esse careca tá merecendo algo a mais”.
Outro responde: “Só [fuzil] 7.62”. O interlocutor acrescenta: “head shot” [tiro na cabeça].

Em outra conversa sobre a possibilidade de Moraes ser destituído do cargo de ministro, um deles afirma: “Com esse careca filho da puta só tiro mesmo. Impeachment dele não sai”.

Segundo a PF, os investigados Giancarlo e Bormevet, por oportuno, foram intimados para prestarem esclarecimentos sobre os fatos colacionados. “O primeiro encaminhou atestado de saúde para justificar o não comparecimento, o segundo se reservou ao direito sagrado ao silêncio sob a justificativa de não ter tido acesso às diligências de análise em andamento“, afirma a investigação.
Caso Marielle
A PF também revela que a “Abin Paralela” monitorou a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. A informação consta em relatório da PF que embasou a quarta fase da operação Última Milha.
Ramagem, segundo mensagens obtidas pela PF, determinou a criação de um dossiê com informações sobre o novo delegado que assumiu a investigação do assassinato da parlamentar e do seu motorista. Veja diálogos entre os investigados obtidos pela PF:
