PF destrói ‘bunkers’ de garimpo ilegal em terra indígena ligado à facção criminosa
Por: Jadson Lima*
04 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) destruiu uma rede de abrigos subterrâneos construídos em um garimpo ilegal localizado na Terra Indígena (TI) Sararé, em Mato Grosso, que mantém ligação com uma facção criminosa. A ação foi realizada durante uma operação coordenada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) entre os dias 28 e 30 de setembro deste ano.
Vídeos divulgados nessa sexta-feira, 3, registram o momento em que os agentes destroem 14 “bunkers” que, segundo as autoridades, eram usados para guardar equipamentos ilegais e estoques de alimentos. Conforme o Ibama, em um dos abrigos identificados foram encontradas seis armas de fogo, incluindo um fuzil 5.56 mm e duas espingardas calibre 12.
“Esses abrigos são feitos sob os acampamentos e próximos dos locais de funcionamento das atividades ilegais. Esses esconderijos facilitam a rápida desmobilização e guarda de insumos diversos, equipamentos e armamentos evitando que sejam localizados, aprendidos ou destruídos durante as ações de fiscalização”, afirmou o governo federal em uma nota conjunta.

Na deflagração da operação, em 28 de setembro, criminosos armados atiraram contra as equipes que avançavam pela área para desativar estruturas e apreender equipamentos de extração mineral. Os agentes reagiram e continuaram a missão, garantindo a segurança do efetivo e das aeronaves. Os confrontos se estenderam ao longo do dia em diferentes pontos do garimpo.
“Dois suspeitos (uma mulher e um homem) foram feridos, receberam atendimento de primeiros socorros dos agentes ainda no local e foram removidos, prontamente, com os helicópteros do Ibama para atendimento em unidade médica no município de Pontes e Lacerda (MT). Os dois suspeitos estão fora de risco. Nenhum policial ou agente foi ferido”, informou o Ibama.

Em três dias de operação, os agentes apreenderam ou destruíram 42 motores estacionários, três escavadeiras hidráulicas, um quadriciclo, duas caminhonetes, 13 motobombas, 18 motores geradores, três motosserras, oito motocicletas, 14 depósitos subterrâneos (bunkers) com equipamentos e insumos diversos, 101 acampamentos, sete armas de fogo e grande quantidade de explosivos (emulsões, nitropenta e espoletas). Quatro minas subterrâneas abertas para exploração de ouro de filão foram demolidas por uma equipe da PF especializada em explosivos.
Operação
A ação ocorre no âmbito da Operação Xapiri, deflagrada para combater o garimpo ilegal e efetuar a desintrusão de invasores, em andamento na Terra Indígena Sararé desde 1º de agosto deste ano. De acordo com o Ibama, em quase dois meses de operação foram destruídas na área mais de 170 escavadeiras hidráulicas, centenas de motores e estruturas diversas para suporte logístico das atividades ilegais.

Desde 2023, mais de 470 escavadeiras já foram neutralizadas durante as ações de fiscalização na região. Esse tipo de maquinário é responsável pelos danos ambientais mais graves, especialmente a destruição de milhares de hectares em áreas de preservação permanente e destruição de rios e córregos.
Além da neutralização de equipamentos e da infraestrutura logística das atividades ilegais, é fundamental o combate efetivo do crime organizado nas áreas protegidas. Atualmente, verifica-se a diversificação das atividades ilegais das facções com a ampliação dos domínios territoriais para unidades de conservação e terras indígenas onde já estão estabelecendo o controle das atividades ilegais de exploração de recursos naturais.
Em razão do elevado nível de riscos e complexidade, a ação foi operacionalizada pelo Grupo Especial de Fiscalização (GEF/Ibama) em conjunto com a Polícia Federal (PF), a Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC/MT), o Grupo Especial de Segurança de Fronteira (GEFRON/MT), o Batalhão de Operações Especiais (BOPE/PMMT) e o Cento Integrado de Operações Aéreas (CIOPAer).
A equipe contou ainda com o apoio de policiais do Grupo Tático 3 (GT3) da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais da Polícia Civil do Estado de Goiás (CORE/GT3/PCGO). A ação mobilizou um efetivo de 80 policiais e agentes, cinco helicópteros do Ibama e um helicóptero do CIOPAer.