PF divulga imagem de ataque a helicóptero do Ibama em Roraima; mandante teria pago R$ 5 mil por esse e outros crimes

Registro da tentativa de incendiar o helicóptero do Ibama em Roraima. (Divulgação/ PF)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS — Seis meses depois da tentativa frustrada de incendiar um helicóptero do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Roraima, a Polícia Federal divulgou imagens do ocorrido e deflagrou a “Operação Mão de Ouro”, nesta terça-feira, 29, que investiga suspeitos de envolvimento no ataque. O atentado ocorreu em 7 de setembro e a suspeita é que um empresário teria pago R$ 5 mil para os suspeitos cometerem crimes.

A PF ainda investiga suspeitos de envolvimento no ataque à sede da Superintendência da Polícia Federal, também em Roraima, em 12 de setembro. Ambos os crimes ocorreram após uma das etapas da “Operação Yanomami”, coordenada pelo Ministério da Justiça, de combate ao garimpo ilegal em áreas indígenas em Roraima. A ação, na época, apreendeu seis helicópteros e prendeu três pessoas apenas dez dias antes dos atentados.

O modus operandi foi repetido em outro Estado da Amazônia. Em 24 de janeiro deste ano, durante a madrugada, homens invadiram o Aeroclube de Manaus (AM), na zona Centro-Sul, e atearam fogo em um helicóptero do Ibama que estava estacionado no local. A PF identificou os envolvidos e o mandante do crime, ligados ao garimpo.

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Em janeiro deste ano, homens atearam fogo a um helicóptero no Amazonas. (Reprodução/ TV Cultura)

“Mão de Ouro”

No caso de Roraima, segundo a PF, mais de 60 policiais federais cumpriram oito mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva em Goiânia (GO) e na capital roraimense.

Os investigadores identificaram ao menos sete suspeitos que teriam relação com os atentados, incluindo um empresário já investigado em outras ações da PF relativas à extração ilegal de ouro em Terras Indígenas, a presidente de uma associação de garimpeiros de Roraima e outras pessoas com passagens por envolvimento com o garimpo ilegal.

“Há indícios que o empresário envolvido teria pago R$ 5 mil de incentivo para o cometimento dos crimes”, explica a polícia.

Empresário preso

Em fevereiro deste ano, o empresário Aparecido Naves Junior foi preso pela Polícia Federal em uma mansão, em Goiânia, como suspeito de ser o mandante do incêndio de dois helicópteros do Ibama em Manaus. Naves Júnior foi apontado por envolvimento com atividades de garimpo ilegal nas Terras Indígenas dos Yanomami em Roraima e a PF concluiu que o incêndio dos helicópteros teria sido uma represália a ações de fiscalização e repressão ao garimpo ilegal no Estado ao longo de 2021.

Desde a metade do ano passado, a PF e o Ibama fazem operações frequentes para desmantelar os garimpos na Terra Indígena (TI) Yanomami, invadida por mais de 20 mil garimpeiros. No fim de 2021, o governo federal anunciou que apreendeu mais de 111 aeronaves usadas na extração ilegal de minério em Roraima — 22 delas foram destruídas no local em que foram descobertas. Além disso, as forças de segurança também inutilizaram mais de 80 pistas de pousos irregulares na mata fechada.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal, mas não foram divulgadas mais informações sobre o andamento da “Operação Mão de Ouro”.

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